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Mãe de Navalny recebeu o corpo do dissidente russo morto na prisão

24/02/2024 12h34

O corpo de Alexei Navalny, que a família exigia desde sua morte em 16 de fevereiro em uma prisão da região do Ártico, foi entregue à sua mãe, anunciou neste sábado (24) a porta-voz do opositor russo, que não sabe em que condições o funeral será autorizado.

"O corpo de Alexei foi entregue à sua mãe. Obrigado a todos que exigiram isto conosco", escreveu na rede social X a porta-voz de Navalny, Kira Yarmish. 

Yarmish acrescentou que não sabe se "as autoridades vão interferir" para que o funeral aconteça "como a família deseja e como Alexei merece".

Na manhã de sábado, a viúva do opositor russo, Yulia Navalnaya, que prometeu prosseguir no exterior com a luta de seu marido, acusou o presidente russo Vladimir Putin de impedir a devolução do corpo de Navalny à família.

As autoridades rusas se negavam desde a semana passada a entregar o corpo de Navalny para sua mãe, Liudmila Navalnaya, que viajou até a cidade de Salekhard, na região de Yamalia-Nenetsia, perto da colônia penal em que o opositor morreu.

A mãe do opositor russo acusou as autoridades de chantagem, com ameaças de deixar o corpo em decomposição ou de enterrar o cadáver no terreno da prisão, onde Navalny cumpria uma condenação de 19 anos, caso ela não concordasse com um funeral "secreto".

Um funeral público poderia, em tese, mobilizar os partidários do ativista, o que seria inconveniente para o regime de Vladimir Putin, que deve ter uma reeleição tranquila nas presidenciais russas marcadas para 15, 16 e 17 de março.

Em 2010, antes que a máquina de repressão se voltasse contra ele, Navalny conseguiu mobilizar multidões, em particular em Moscou, o que rendeu o status de opositor número 1 de Vladimir Putin.

Nos últimos anos, no entanto, a invasão da Ucrânia desencadeou uma repressão implacável que dizimou a oposição.

- "Assassinato" -

As circunstâncias da morte de Alexei Navalny, uma notícia que chocou o mundo, ainda não foram determinadas. O serviço penitenciário russo alega que o opositor faleceu depois de passar mal durante uma caminhada.

A equipe do dissidente rejeita a versão oficial, de morte "natural", e pediu à polícia, ao Exército e aos serviços de segurança que apresentem informações sobre o "assassinato" de Navalny.

Em troca, a equipe prometeu uma recompensa de 20.000 euros (108.000 reais) e organizar a "saída do país do informante, caso ele deseje".

Neste sábado, os líderes do G7, grupo das principais potências ocidentais, pediram ao governo russo para "esclarecer plenamente as circunstâncias que cercaram" a morte de Navalny.

"Também prestamos homenagem à extraordinária coragem de Alexei Navalny", informaram, em nota conjunta, Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá.

Várias potências ocidentais acusaram o presidente russo como responsável pela morte de Navalny e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, aparentemente o acusou de assassinato neste sábado.

"Putin finge ser poderoso, mas os líderes realmente poderosos não assassinam seus opositores" disse Trudeau em Kiev, durante uma entrevista coletiva ao lado do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, por ocasião do aniversário de dois anos da invasão russa.

O presidente russo não reagiu publicamente à morte de seu principal crítico, que em 2020 sobreviveu milagrosamente a um envenenamento que atribuiu Putin.

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© Agence France-Presse

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