Lula diz que discutiu conflitos em Gaza e na Ucrânia em encontro com Blinken
(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, em publicação no X, que discutiu os conflitos na Ucrânia e em Gaza com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, durante visita do diplomata norte-americano ao Palácio do Planalto.
"Recebi o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken. Conversamos sobre o G20, a iniciativa pela melhoria da condição dos trabalhadores que lançamos com o presidente Biden, a proteção do meio ambiente, a transição energética, a ampliação dos laços de investimento e cooperação entre nossos países e sobre a paz na Ucrânia e em Gaza", disse Lula na rede social.
O encontro ocorreu em meio a uma crise diplomática entre Brasil e Israel deflagrada após Lula comparar a ofensiva israelense em Gaza com o genocídio nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Israel disse na segunda-feira que Lula não é bem-vindo no país até que recue nos comentários.
Em comunicado separado sobre o encontro, o Palácio do Planalto disse que o "presidente Lula reafirmou seu desejo pela paz e fim dos conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza. Ambos concordaram com a necessidade de criação de um Estado Palestino", afirmou.
Autoridades do Departamento de Estado dos EUA disseram que Lula e Blinken conversaram por mais de uma hora e meia sobre vários temas, que incluíram a guerra entre Israel e o Hamas em Gaza, Venezuela, Haiti, a guerra na Ucrânia e questões bilaterais.
Uma autoridade dos EUA disse que o secretário de Estado dos EUA e Lula tiveram uma "troca franca" sobre os recentes comentários do presidente brasileiro sobre Gaza, quando Blinken "deixou claro que discordamos" sobre os comentários de Lula sobre o Holocausto.
O secretário falou também dos esforços dos EUA em busca de um cessar-fogo temporário e aumento da ajuda humanitária a Gaza, além da libertação dos reféns israelenses no enclave.
Blinken também ressaltou a Lula que os EUA não veem agora condições para a diplomacia atuar no conflito entre Rússia e Ucrânia.
Já nas questões regionais, o secretário norte-americano salientou que o desejo dos EUA é ver um caminho democrático adiante na Venezuela.
Por fim, Blinken destacou também a importância de fortalecer a cooperação sobre minerais críticos com o Brasil.
Segundo o Planalto, Blinken também "congratulou o Brasil pela aprovação da reforma tributária, recuperação de políticas sociais e de responsabilidade fiscal", e agradeceu a atuação do país nas tensões entre Venezuela e Guiana.
O governo brasileiro disse ainda que Blinken informou que os EUA estudam realizar um novo aporte para o Fundo Amazônia. Em maio, os EUA já haviam anunciado a pretensão de aplicar 500 milhões de dólares pelos próximos cinco anos à iniciativa brasileira de proteção ambiental, reativada pelo governo de Lula no ano passado.
Antes da reunião, em conversa breve diante de jornalistas, os dois discutiram sobre as eleições presidenciais norte-americanas em novembro. Blinken afirmou que a política nos EUA se encontra "muito polarizada".
A visita de Blinken ao Brasil acontece em decorrência do encontro de ministros de Relações de Exteriores do G20, que ocorre no Rio de Janeiro a partir desta quarta-feira.
(Por Fernando Cardoso e Eduardo Simões, em São Paulo, e Simon Lewis, em Brasília)
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