Juros em queda: chegou a hora de financiar a compra de um carro zero km?
Em janeiro, o Banco Central anunciou a quinta queda consecutiva da taxa de juros, passando de 11,75% para 11,25%. Será que isso é suficiente para baixar os valores dos financiamentos automotivos? UOL Carros conversou com Pierre Oberson de Souza, professor de finanças da FGV EAESP, para entendermos o cenário atual e responder se este é o melhor momento para comprar seu zero km.
Não é porque os juros oficiais baixaram que os financiamentos ficarão mais baratos imediatamente. "Acho que o primeiro ponto sobre financiamento de automóvel é que a distância entre a Selic e o financiamento de automóveis é muito grande", afirma Pierre.
Isso não quer dizer que não influencie. "Claro que uma Selic mais baixa ajuda, pois há um efeito cascata em toda a economia para tornar o dinheiro mais barato. Mas quando olhamos o impacto na parcela que vai ser paga, quando estamos falando em juros que estão mais de 1,5% ou 2% ao mês, o impacto é pequeno. É uma notícia boa, mas não é com isso, uma queda de meio ponto, vai fazer com que agora as vendas de automóveis deslanchem", explica o especialista.
Pierre projeta que a visão a longo prazo é a mais importante. "Uma queda mais acentuada e prolongada, como estamos prevendo de chegar perto de 9% no ano que vem. Aí comparamos aos cerca de 13% que tivemos até pouco tempo. O importante é ver essa tendência de médio e longo prazo", analisa.
Questionado sobre o porquê da distância entre os juros oficiais e os cobrados no mercado financeiro, o professor afirma que os bancos têm uma realidade diferente. "Os juros têm uma grandíssima relação com o risco. Quando um banco ou uma instituição financeira empresta dinheiro para alguém comprar um automóvel, o que ele tem que pensar? Qual é a chance de receber de volta tudo aquilo que eu emprestei com os juros?".
Maneira de driblar as altíssimas taxas de financiamento é aplicar pouco a pouco o dinheiro que seria gasto em uma parcela, assim, é possível dar uma entrada maior e, com isso, diminuir o risco do empréstimo, uma vez que o banco tem uma segurança de obter o bem de volta. Além disso, os juros tendem a ser menores e você vai pagá-los por menos tempo.
"Um ponto importante da entrada maior é que o risco do crédito se torna menor. Por exemplo, eu tenho um automóvel de R$ 100 mil e vou dar R$ 70 mil de entrada, a chance de quem emprestou receber de volta é bem maior. Eu tenho um bem que vale mais do que esses R$ 30 mil financiados e ele pode ser retomado. Mesmo que tenha um processo judicial relativamente moroso, a chance de recuperar é maior", completa Pierre.
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