Salvadorenhos pedem liberdade para familiares presos pelo regime de exceção
Dezenas de salvadorenhos marcharam, neste domingo (10), pelas ruas da capital para exigir, às vésperas do Natal, a libertação de seus familiares detidos sob o regime de exceção imposto pelo presidente Nayib Bukele em 2022.
Será "um Natal amargo, porque há muitas crianças (...) que ficaram sem seus pais por estarem detidos pelo regime", disse à AFP o sexagenário Alfredo Rosales, líder do Movimento de Vítimas do Regime (Movir).
"Já chega do regime, queremos liberdade para os inocentes", "Liberdade para meu filho, já chega das detenções de pessoas trabalhadoras e inocentes", diziam os cartazes levados por manifestantes que também exibiam fotos dos presos.
Também participou da manifestação um homem vestido de Papai Noel e a multidão entoou lemas contra as medidas de exceção vigentes desde março de 2022 como ponta de lança do governo em sua "guerra" contra as gangues.
Durante a marcha para comemorar o Dia Internacional dos Direitos Humanos, os participantes queimaram um caixão preto de papelão, simbolizando o regime de exceção.
"Muitas crianças convivem com a mentira, enganados de que seus pais não estão, mas vão voltar, não lhes dizem onde estão para que não chorem", acrescentou a dona de casa Sandra de Rivera, de 54 anos.
"Gostaria que Bukele, como pai de família que é, tocasse no mais fundo de seu coração e sentisse o que aconteceria se vivesse uma situação como a que nós estamos vivendo", acrescentou a mulher.
O governo adotou medidas de exceção em resposta a uma escalada da violência, registrada em março de 2022, atribuída às gangues, e que deixou 87 homicídios em um único fim de semana. Bukele lançou, então, uma "guerra" contra estas quadrilhas, apoiado no regime de exceção, questionado por organizações humanitárias.
Sob o regime de exceção, as autoridades detiveram mais de 74.000 supostos membros de gangues, porém mais de 7.000 inocentes foram soltos, segundo o governo.
Em todo este tempo, morreram pelo menos 191 pessoas sob custódia do Estado, segundo o Movir e outros organismos de defesa dos direitos humanos.
bur/ec/cjc/mvv
© Agence France-Presse