Filipinas e China se acusam mutuamente por colisão em águas disputadas
Um navio filipino e uma embarcação da guarda-costeira chinesa colidiram neste domingo (10) perto de um recife disputado, e os dois países se culpam mutuamente por este novo confronto no Mar do Sul da China.
O incidente ocorreu durante uma missão de reabastecimento do navio filipino perto do banco de areia de Ayungin, nas ilhas Spratly, foco do conflito entre Manila e Pequim.
No dia anterior, as Filipinas haviam acusado a guarda-costeira chinesa de usar canhões de água para impedir que três navios oficiais entregassem suprimentos aos pescadores filipinos perto do atol de Scarborough, adjacente à ilha principal de Luzon.
Pequim reivindica a quase totalidade destas águas, uma rota essencial do comércio mundial, em disputa com as reivindicações de outros países costeiros como Filipinas, Vietnã, Malásia e Brunei.
Para reforçar as suas reivindicações, enviou patrulhas e construiu ilhas artificiais que foram militarizadas.
Neste domingo, as Filipinas denunciaram que navios da guarda-costeira chinesa "assediaram, bloquearam e realizaram manobras perigosas contra navios de abastecimento civil filipinos".
Um dos dois navios que transportavam suprimentos foi "atingido" por um navio da guarda-costeira chinesa, informou a unidade especial para o mar das Filipinas Ocidental, em um comunicado.
Além disso, um navio chinês também usou canhões de água contra os dois navios de abastecimento e um navio da guarda-costeira filipina que escoltava a missão, acrescentou a mesma fonte.
Isso causou "sérios danos" ao motor de um dos navios de abastecimento e danificou o mastro do navio da guarda-costeira, acrescentou.
A guarda-costeira chinesa acusou o navio filipino de "colidir deliberadamente" com o navio chinês depois de "desconsiderar várias advertências firmes".
Em comunicado, afirmou que o navio filipino "mudou repentinamente de direção de uma maneira pouco profissional e perigosa, colidindo deliberadamente com nosso navio da guarda-costeira '21556' que estava realizando um trajeto normal de vigilância".
"Não nos deixaremos impressionar", reagiu o presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos, pelo Facebook.
"A agressão e as provocações realizadas pela guarda-costeira chinesa e sua milícia marítima contra nossas embarcações e nosso pessoal neste fim de semana só reforçam nossa determinação de proteger nossa soberania no mar das Filipinas ocidentais", disse.
O incidente fez com que um comboio de navios civis que deveriam entregar mantimentos aos pescadores e tropas filipinos nestas águas cancelasse a sua missão, devido ao "monitoramento constante" dos navios chineses, informou o organizador.
- 'Profundamente preocupante' -
Diplomatas estrangeiros em Manila reagiram imediatamente ao incidente.
A embaixadora dos Estados Unidos, MaryKay Carlson, afirmou que o seu país apoiou "as Filipinas e os seus parceiros na condenação das repetidas ações ilegais e perigosas da República Popular da China contra os navios filipinos".
O embaixador da União Europeia, Luc Veron, disse que o incidente deste domingo foi "profundamente preocupante".
As Filipinas e a China têm uma longa história de incidentes marítimos no disputado Mar do Sul da China, por onde passam anualmente trilhões de dólares em comércio.
As relações entre Manila e Pequim se deterioraram sob a presidência Ferdinand "Bongbong" Marcos, que tentou melhorar os laços com o seu aliado tradicional, os Estados Unidos, e se opôs às ações chinesas no Mar do Sul da China.
No mês passado, Bongbong Marcos alertou que a situação nessas águas "se agravou".
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