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Egípcios vão às urnas em eleição presidencial que pode dar terceiro mandato a Abdel Fattah al-Sissi

10/12/2023 08h34

Os egípcios começaram a votar neste domingo (10) para a eleição presidencial. As urnas ficam abertas durante três dias e 67 milhões de eleitores são convocados a participar. A eleição é ofuscada pela guerra na vizinha Faixa de Gaza. O atual presidente Abdel Fattah al-Sissi pode conquistar um terceiro mandato. O país de 106 milhões de habitantes enfrenta uma grave crise econômica, com dois terços da população vivendo abaixo ou ligeiramente acima do linha da pobreza. 

Dezenas de eleitores de todas as idades, a maioria mulheres, aglomeraram-se na manhã deste domingo em frente à escola Abdeen, no centro histórico do Cairo, em meio a um grande esquema de segurança. Cartazes com o chamado "participe" são exibidos em frente à seção eleitoral, onde um DJ toca músicas nacionalistas. 

Além do atual presidente, três candidatos quase desconhecidos do público estão na disputa: Farid Zahran, à frente do Partido Democrático e Social Egípcio (esquerda), Abdel-Sanad Yamama, do Wafd, um partido centenário mas agora marginal na política egípcia, e Hazem Omar, do Partido Popular Republicano. 

"É importante participar, mas temos que ser realistas: sabemos que Sissi vencerá porque as pessoas não conhecem os outros candidatos", disse à AFP uma eleitora de 50 anos, que se recusa a revelar o seu nome. 

Apesar das dificuldades enfrentadas pelos egípcios, não parece existir qualquer oposição séria no país governado por Sissi, o quinto presidente originário do Exército desde 1962, e que governa com mão de ferro. 

Campanha eleitoral ofuscada pela guerra 

Longe de entusiasmar as multidões, a campanha presidencial aconteceu à sombra da guerra entre Israel e o Hamas, que monopoliza a atenção dos meios de comunicação e da opinião pública no Egito. 

"Precisamos de alguém que seja capaz de gerir o que se passa na fronteira com Gaza", diz um eleitor de cinquenta anos.  

Fethi Ali, 79 anos, vota no centro do Cairo e só quer uma coisa: "que o próximo presidente estabeleça uma cobertura de saúde para todos", um dos grandes projetos da presidência de Sissi. 

O jornalista e ativista Khaled Dawood denuncia "uma atmosfera sufocante de supressão das liberdades, controle total dos meios de comunicação e serviços de segurança que impedem a oposição de agir nas ruas". "Não temos ilusões: a votação não será (...) nem credível nem justa", escreveu ele no Facebook, acrescentando que votará em Zahran, a fim de "enviar uma mensagem clara ao regime": "queremos mudança", porque "depois de dez anos, as condições de vida dos egípcios se deterioraram e corremos o risco de falência".  

Herança de Sissi    

Nas eleições presidenciais de 2014 e 2018, o ex-marechal Abdel Fattah al-Sissi, que chegou ao poder em 2013 ao derrubar o islamista Mohamed Morsi, venceu com mais de 96% dos votos. Desde então, ele estendeu a duração do mandato presidencial de quatro para seis anos e alterou a Constituição para aumentar o limite de dois para três mandatos presidenciais consecutivos. 

Nas últimas eleições presidenciais, a participação atingiu 41,5%, ou seis pontos a menos que na eleição anterior. 

Muitos egípcios acreditam que Sissi é o arquiteto do regresso à calma no Egito, após o caos que se seguiu à "revolução" de 2011 e à queda de Hosni Mubarak, após 30 anos de governo. 

Desde o início do seu primeiro mandato em 2014, Sissi prometeu trazer estabilidade, incluindo progresso econômico. Um ambicioso programa de reformas, com redução dos subsídios estatais, foi empreendido a partir de 2016. 

As medidas, contudo, levaram a um aumento dos preços e alimentaram o descontentamento do eleitorado e fez com que até mesmo o apoio estrangeiro diminuísse ao longo dos anos. A dívida triplicou e os megaprojetos, frequentemente atribuídos ao Exército, não produziram até agora os retornos prometidos. 

Os resultados oficiais da eleição presidencial no Egito devem sair em 18 de dezembro. 

(Com informações da AFP) 

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