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Israel segue bombardeando Gaza e promete não dar trégua ao Hamas

09/12/2023 06h12

Israel seguiu bombardeando Gaza, neste sábado (9), e se declarou determinado a prosseguir com sua "guerra justa" contra o Hamas, um dia depois de os Estados Unidos bloquearem uma resolução que pedia uma trégua humanitária no território palestino devastado por mais de dois meses de bombardeios.

"Aprecio muito a postura correta adotada pelos Estados Unidos no Conselho de Segurança das Nações Unidas", declarou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

"Os outros países têm que entender que não se pode apoiar a eliminação do Hamas de um lado, e de outro pedir o fim da guerra, que impediria eliminar o Hamas. Portanto, Israel prosseguirá com sua guerra justa", acrescentou o premiê.

O comandante do Exército israelense, Herzi Halevi, defendeu aumentar a pressão militar para derrotar o Hamas, movimento islamista no poder em Gaza, cujos milicianos lançaram em 7 de outubro o ataque mais letal sofrido por Israel desde a sua criação, em 1948.

"Todos os dias vemos mais e mais terroristas mortos, mais e mais terroristas feridos, e nos últimos dias temos visto terroristas se rendendo. Isto é um sinal de que sua rede está desmoronando, um sinal de que devemos aumentar a pressão", disse Halevi durante uma cerimônia em frente ao Muro das Lamentações, na Cidade Velha de Jerusalém.

Neste sábado, Israel lançou dezenas de ataques aéreos nas regiões de Khan Yunis e Rafah, no sul da Faixa de Gaza, incluindo um bombardeio perto das tendas de um acampamento de deslocados no setor de Al Mawasi, informaram jornalistas da AFP.

Ao longo deste dia também foram registrados novos e intensos combates entre o Exército israelense e combatentes do Hamas nas cidades de Gaza e Jabaliya (no norte de Gaza) e em Khan Yunis.

As Brigadas Ezedin al Qassam, braço armado do Hamas, reivindicaram a autoria de novos ataques com foguetes contra o sul de Israel.

A guerra reacendeu as tensões na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967, onde uma operação israelense matou na sexta-feira seis palestinos, segundo a Autoridade Palestina, que governa o território.

- 'Pesadelo humanitário' -

Segundo o ministério da Saúde do Hamas em Gaza, 17.700 pessoas morreram e 48.780 ficaram feridas nos bombardeios e operações terrestres israelenses na Faixa desde o início da guerra, em 7 de outubro.

Naquele dia, Israel lançou uma campanha de bombardeios em retaliação a uma incursão de milicianos islamistas procedentes de Gaza que mataram 1.200 pessoas, a maioria civis, e sequestraram cerca de 240 no sul do país.

A ofensiva israelense, que passou a incluir operações terrestres a partir de 27 de outubro, reduziu a escombros este pequeno território palestino de 362 km² e cerca de 2,4 milhões de habitantes.

Segundo a ONU, mais de metade das casas foi destruída ou danificada e 1,9 milhão de pessoas foram deslocadas pelo conflito.

Desde 9 de outubro, Israel também impõe um cerco quase total à Faixa de Gaza, o que impede a chegada de água, comida, medicamentos e eletricidade.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou na sexta-feira que a população de Gaza está perto do "abismo" e vive um "pesadelo humanitário".

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, voltou a instar Israel a fazer maiores esforços para proteger os civis.

- Críticas aos EUA -

A resolução para pedir um "cessar-fogo humanitário imediato" apresentada na ONU foi vetada pelos Estados Unidos, principal aliado de Israel. 

Para o representante adjunto dos Estados Unidos na ONU, Robert Wood, a resolução estava dissociada da "realidade" e "não teria movido nem uma agulha no terreno".

O Hamas condenou energicamente a posição dos Estados Unidos, chamando-a de "imoral e desumana", e disse que constitui "participação direta" nos "massacres". 

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, considerou que os Estados Unidos são "responsáveis pelo derramamento de sangue de crianças, mulheres e idosos palestinos na Faixa de Gaza pelas mãos das forças de ocupação israelenses".

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que o Conselho de Segurança da ONU se tornou o "Conselho de Proteção de Israel".

O veto dos Estados Unidos também provocou indignação entre os moradores de Gaza. 

"Qual resolução o Conselho de Segurança aprovou e implementou para a nossa causa e a do povo palestino?", perguntou um residente da Faixa, Mohamed al-Khatib, à AFP.

Os bombardeios israelenses só cessaram durante a trégua de uma semana que entrou em vigor em 24 de novembro, negociada com mediação de Catar, Egito e Estados Unidos. 

Durante o cessar-fogo, Israel e Hamas trocaram reféns por prisioneiros palestinos detidos em prisões israelenses.

Israel estima que ainda haja 138 reféns detidos em Gaza. Na sexta-feira, informou que uma operação para libertar os reféns tinha fracassado e que dois soldados ficaram feridos na tentativa. 

O Hamas declarou que um refém, identificado como Sahar Baruch, foi morto e divulgou um vídeo mostrando um corpo.

O kibutz de Beeri, a comunidade agrícola fronteiriça de Gaza onde Baruch vivia, e o Fórum Israelense para Reféns e Familiares Desaparecidos, afirmaram em um comunicado conjunto que o homem de 25 anos foi "assassinado" pelo Hamas.

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© Agence France-Presse

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