Brasil se aproxima dos 100.000 mortos por coronavírus em uma América Latina de luto
Paris, 8 Ago 2020 (AFP) - Brasil e Chile caminham para superar, neste sábado (8), as 100.000 e 10.000 mortes, respectivamente, números simbólicos que evidenciam a tragédia vivida pela América Latina, que se tornou a região mais afetada pela pandemia de coronavírus, após ultrapassar a Europa em termos de óbitos.
América Latina e Caribe registram 215.859 mortes, 3.000 a mais que a Europa (212.794), de acordo com uma contagem da AFP com base em dados oficiais deste sábado às 8h00.
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Do Rio Grande à Patagônia, a região também concentra o maior número de casos do mundo, com mais de 5,4 milhões, acima dos 5 milhões nos Estados Unidos e Canadá, e 3,3 na Europa.
O Brasil, o mais afetado no subcontinente, está prestes a ultrapassar a marca de 100 mil mortes, após ter atingido 99.572 óbitos neste sábado.
O gigante latino-americano, com 212 milhões de habitantes, também lidera o número de infectados na região, com cerca de três milhões, e suas taxas de mortalidade pela COVID-19 podem dobrar até meados de outubro, segundo especialistas.
O Brasil só é superado pelos Estados Unidos, que na sexta-feira registrou 1.062 mortes e já acumula mais de 161 mil óbitos e 4,8 milhões de infectados, segundo a Universidade John Hopkins.
Mais ao sul, o Chile também se aproxima neste sábado da cifra simbólica de 10.000 mortes, depois de registrar 9.958 falecimentos em 368.825 casos detectados.
O México, com 51.311 mortes, é o terceiro país americano com o maior número de mortes, enquanto o Equador, com quase 6.000 óbitos, tem a terceira taxa mais alta de letalidade - a razão entre o número de mortes por casos registrados - nas Américas, atrás do Canadá e do México.
A pandemia mantém as tensões elevadas na Bolívia, onde o governo ameaçou usar as forças policiais e militares para encerrar bloqueios de estradas em seis dos nove departamentos do país, após vários dias de protestos pelo adiamento das eleições de outubro.
O coronavírus também segue avançando no Peru, que registrou novos recordes diários na sexta-feira, elevando o total para 20.649 mortes e 463.875 casos, ocupando o terceiro lugar na América Latina em infecções e óbitos.
Esse cenário frustrou os planos do futebol: o governo suspendeu o campeonato por risco sanitário depois de uma única partida com a qual foi retomado o torneio da primeira divisão, após uma paralisação de cinco meses.
- Controles na Alemanha -Na Europa, o país com o maior número de surtos é a Espanha. Ali, a Catalunha implementou uma intensa campanha de detecção em três cidades para conter o aumento das infecções, o que levou as autoridades regionais a reconfinar certas áreas.
Por sua vez, a Alemanha tornou obrigatório testes para quem retornar de "áreas de risco", que incluem a maioria dos países não pertencentes à União Europeia (UE), bem como algumas regiões da Bélgica e Espanha.
A COVID-19 causou pelo menos 721.902 mortes no mundo desde o seu surgimento, no final de 2019, na China, segundo a OMS, e o número de infectados é de 19,5 milhões em 196 países, de acordo com a contagem da AFP.
Na Ásia, preocupa o aumento de casos e mortes na Índia, o segundo país mais populoso do mundo depois da China.
A Índia viu as infecções dobrarem em três semanas. Na sexta-feira, atingiu dois milhões de casos, com 41.585 mortes. Mas os especialistas estimam que esses números estão subestimados.
A situação na África também é preocupante, onde os baixos números não refletem a verdadeira dimensão da epidemia, dadas as fragilidades dos sistemas estatísticos e de saúde.
Um milhão de casos já foram registrados oficialmente no continente, mais da metade na África do Sul.
- Emprego nos EUA -Nos Estados Unidos, onde o presidente Donald Trump é amplamente criticado por sua administração da pandemia, a taxa de desemprego continuou a diminuir em julho, apesar da criação de menos empregos do que em junho devido ao ressurgimento de casos de COVID-19.
A economia dos EUA criou 1,8 milhão de empregos em julho, bem abaixo dos 4,8 milhões em junho, segundo o Departamento do Trabalho.
Mas o indicador de desemprego continuou em queda, passando de 11,1% em junho para 10,2% em julho.
A taxa é animadora em relação a abril, mês de maior confinamento, embora contraste com os 3,5% de fevereiro, o menor nível em 50 anos.
A produção industrial e as exportações continuaram se recuperando em junho na Alemanha, com aumentos de 8,9% e 14,9%, respectivamente, embora ainda estejam abaixo dos níveis pré-pandêmicos.
A França, por sua vez, registrou aumento de 12,7% na produção industrial em junho, embora no segundo trimestre tenha contraído 17,1%. Por outro lado, no período, o déficit comercial se aprofundou.
Essas recuperações na Europa podem ser de curto prazo, com novos surtos e medidas restritivas.
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