Moro depõe no Senado em meio a novas revelações do Intercept sobre FHC
Na véspera de uma audiência no Senado com o ministro Sérgio Moro, novas revelações trazidas pelo site The Intercept sugerem que a Lava-Jato teria falado em investigar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para mostrar que não tem lado.
Na véspera de uma audiência no Senado com o ministro Sérgio Moro, novas revelações trazidas pelo site The Intercept sugerem que a Lava-Jato teria falado em investigar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para mostrar que não tem lado.
Raquel Miura, correspondente da RFI em Brasília
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A conversa teria ocorrido em abril de 2017. Moro pergunta se Deltan Dallagnol tem algo sério contra o tucano. O procurador da Lava-Jato diz que as informações que que possui são fracas, citando caixa dois em 1996.
Moro questiona se isso já não estaria prescrito. Dallagnol responde que sim, mas que o material foi repassado para investigação em São Paulo talvez, diz ele, para dar o recado de que a operação era imparcial. Moro acha questionável o envio pois poderia melindrar o apoio à operação de alguém importante, como Fernando Henrique Cardoso.
Em outro trecho, o site The Intercept diz que mensagens trocadas em 2015 entre os procuradores da operação mencionam doações de empresas ao Instituto Fernando Henrique Cardoso. Procuradores chegam a citar que informações relativas à Odebrecht seriam uma bomba, mas outros ponderam que isso poderia dar à defesa de Lula argumentos para rebater acusações de corrupção envolvendo a relação do ex-presidente petista com a empresa.
Autenticidade dos diálogos
O Ministério Público tem afirmado que não reconhece a autenticidade dos diálogos e, assim como Moro, enfatiza que o material veio à tona por meio da ação de invasores.
Para o senador Major Olímpio (PSL-SP), a Lava-Jato não feriu a lei: "Se há uma certeza que nós temos é o lado da lei, em que estão e sempre estiveram Sérgio Moro e os procuradores da Lava-Jato."
Já para o senador Otto Alencar (PSD-BA) é preciso investigar se houve atropelos: "A lei existe para limitar o poder, seja do presidente da República, seja do governador, do senador, seja também do juiz e do Ministério Público."