Você torceria contra seu time de coração para atrapalhar um rival? Quem sabe empurrá-lo para a zona de rebaixamento, ou evitar a conquista de um título, como pode acontecer nessa reta final de Brasileirão? No UOL News Esporte, os colunistas Danilo Lavieri, Julio Gomes e Ricardo Perrone divergiram sobre a questão.
Danilo Lavieri: 'Não tem como tirar esse ingrediente da disputa'
Tem um negócio que me fascina nessa reta final de Brasileirão, que são os jogos de rivais. De repente, se o Cruzeiro tiver perdido dois jogos, chegar na última rodada, o Atlético-MG não brigar por mais nada, já tiver com a vaga garantida no G-4, ele pode muito bem ajudar o Cruzeiro a ser rebaixado. Esse é um assunto que eu acho incrível, porque, por exemplo, como você vai dizer para o torcedor do Fluminense tem que vencer o Palmeiras para ajudar o Flamengo? Como você vai falar para o são-paulino que o São Paulo tem que vencer o Flamengo para ajudar o Palmeiras? Como você vai falar para o torcedor do Atlético-MG que tem que ganhar do Bahia, se o Cruzeiro pode ser rebaixado? Esse é um negócio que movimenta demais, a gente tem que ver rodada a rodada justamente por isso. É ético? No futebol, tem dessas. Além de você vencer seu próprio jogo, você acorda para secar seu rival, para você torcer contra seu rival, para você ir no boteco, zoar o porteiro, zoar seu amigo, futebol é isso. Não tem como tirar esse ingrediente dessa disputa. Danilo Lavieri
Julio Gomes: 'Não duvido, mas hoje a entregada é mais difícil'
Eu acho que em outros tempos isso foi mais forte, tanto que a gente já teve clássicos regionais colocados nas últimas rodadas. Isso já foi mais forte, já desceu mais da arquibancada para o campo do que hoje. Primeiro, porque as rivalidades nacionais estão suprimindo as estaduais, as estaduais estão cada vez mais frouxas, as nacionais vão ganhando corpo porque o futebol se tornou um futebol nacional e deixou de ser tão estadual. E segundo porque tem uma questão de contato mesmo, o contato diminuiu, o torcedor não vai mais ver treino. O futebol brasileiro 20 anos atrás tinha torcedor total a treino, ficava lá buzinando, imprensa, então, nem se fala. Essa transição já ocorreu, ninguém mais vê treino, ninguém entra, o contato diminuiu muito, acho que isso desce menos da arquibancada para o campo e é uma era mais profissional mesmo. Acho muito difícil imaginar, coisas muito estranhas seguem acontecendo no Brasileiro, mas a entregada para rebaixar o rival, hoje em dia, estou achando mais difícil. Não duvido, mas é mais difícil. Julio Gomes
Ricardo Perrone: 'Eu não consigo torcer para o meu time perder
Eu concordo com o Julio. E quando a gente entra nessa discussão eu lembro do gol do Grafite, que salvou o Corinthians do rebaixamento no Paulistão. Então, muitas vezes a torcida pede e tal, mas os caras fazem o deles. Para o profissional, é muito ruim chegar e falar assim: 'eu vou perder de propósito'. Do jeito que eu penso, eu não consigo torcer contra o meu time para prejudicar o rival, eu quero que meu time ganhe sempre. Se o rival, vai ser campeão, eu não consigo torcer para o meu time perder. O meu amor pelo meu time é maior do que minha bronca com o rival. Ricardo Perrone
Corinthians é favorito para entrar na zona de rebaixamento, diz Julio Gomes
Julio Gomes analisou que o Corinthians é o principal candidato a terminar a antepenúltima rodada do Brasileirão na zona de rebaixamento. O Timão joga hoje contra o Vasco, às 21h30 (de Brasília), em São Januário, e está a três pontos do primeiro time no Z-4.
Quem vai cair? Colunistas debatem próximos jogos dos candidatos ao rebaixamento
Apenas quatro pontos separam o 12º colocado, Fortaleza, do primeiro time do Z-4, o Bahia. Com vários times brigando para não cair, quem tem os jogos mais difíceis? Confira os confrontos e o debate.