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Queda do voo 447 deixou traumas em famílias de vítimas: 'Desistiu de viver'

Fernando Schnabl perdeu esposa em filho em acidente de avião - Divulgação/Globoplay
Fernando Schnabl perdeu esposa em filho em acidente de avião Imagem: Divulgação/Globoplay
do UOL

De Splash, em São Paulo

31/05/2024 04h00

Renato Cotta perdeu a filha e o genro no acidente do voo Rio-Paris 447, em 2009. Em novo documentário do Globoplay, "Rio-Paris: A Tragédia do Voo 447", o professor lamenta o trauma.

Muitas pessoas sucumbiram. Quando você tem um acidente desses, não são só as 228 vítimas. Se perde muito mais gente.

'Desistiu de viver'

Renato perdeu a filha, Bianca Cotta, 25, e o genro, Carlos Eduardo Lopes de Mello, 33. Eles tinham se casado na noite anterior ao acidente e iam passar a lua de mel em Paris.

Bianca era formada em medicina e estava prestes a iniciar a residência em dermatologia. Já Carlos Eduardo era procurador federal e trabalhava na Comissão de Valores Mobiliários do Rio de Janeiro

Renato também perdeu a esposa. Ele conta que a mãe de Bianca não resistiu ao luto. "Ela desistiu de viver aos 45 anos."

Bianca e Renato Cotta em casamento na véspera do acidente - Reprodução/Arquivo pessoal - Reprodução/Arquivo pessoal
Bianca e Renato Cotta em casamento na véspera do acidente
Imagem: Reprodução/Arquivo pessoal

'Foi direto para o céu'

Fernando Bastos Schnabl perdeu a esposa, Christine, e o filho mais velho, Philipe. A família se dividiu em dois voos durante viagem à Suécia, onde passariam o verão após passagem por Paris.

Schnabl e a filha mais nova pegaram um voo da TAM, enquanto a esposa e o primogênito, o da Air France. Na época, ele revelou à BBC Brasil que se dividiram para conseguir usar os planos de milhas de ambas as empresas.

Christine e Philipe quase se salvaram. Antes de embarcar, foram parados pela Polícia Federal, que informou que o menino não poderia viajar sem o pai. No entanto, o mal-entendido foi resolvido, e a dupla conseguiu entrar no voo.

Corpo de Philipe não foi encontrado durante as buscas. "Gosto de acreditar que ele foi direto para o céu. Isso me traz um pouco de paz de espírito. É muito difícil imaginar ver o seu filho morto", relata Fernando no documentário.

'Criamos histórias'

Ophélie Toulliou perdeu o irmão, Nicolas, no acidente do voo 447 - Divulgação/Globoplay - Divulgação/Globoplay
Ophélie Toulliou perdeu o irmão, Nicolas, no acidente do voo 447
Imagem: Divulgação/Globoplay

Ophélie Toulliou também nunca encontrou o corpo do irmão, Nicolas. O francês de 27 anos voltava de uma viagem a trabalho ao Rio de Janeiro. "Meu pensamento mudou. De maneira simbólica, eu até prefiro que ele não tenha sido resgatado."

Francesa revela desconfianças da família sobre demora para encontrar caixas-pretas do avião. Aparelhos foram encontrados quase dois anos após o acidente.

Como é possível que um avião desapareça, com toda tecnologia que já tínhamos na época? Começamos a criar histórias, pensando que talvez eles não quisessem encontrar o avião.

Documentário retrata de forma inédita a busca pelas caixas pretas por meio de artes 3D. Elas foram encontradas com auxílio de empresas americanas com submarinos especializados para a busca.

'Destino'

Renata Mondelo diz acreditar que era o destino do marido pegar o avião. Marco Antônio Camargo Mendonça iria em um voo mais tarde, mas um colega de trabalho sugeriu a troca pelo 447. "Existe uma coisa chamada destino. Ele não ia pegar esse voo."

Marco Antônio deixou a esposa e um filho de 11 meses. Em 2011, a jornalista revelou à BBC Brasil que o garoto se questionava por ser o único na escola sem pai e pedia um "pai de brinquedo".

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