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Mansão de R$ 100 mi construída no topo de arranha-céu não pode ser habitada

do UOL

Do UOL, em São Paulo*

30/05/2024 04h00Atualizada em 30/05/2024 11h48

Há quase 15 anos, um dos empresários mais influentes da Índia, Vijay Mallya, anunciou a construção de uma réplica da Casa Branca no topo de um arranha-céu de luxo em Bangalore. A mansão, erguida no terraço de um edifício de 120 metros de altura para servir de residência ao magnata indiano, ficou pronta em 2017, mas nunca chegou a ser habitada.

O que aconteceu

Anunciada em 2010 por Mallya, 68, a mansão localizada no topo do luxuoso edifício residencial Prestige Kingfisher Towers se manteve desocupada devido a acusações de crimes financeiros às quais o empresário responde na Índia.

Presidente de uma das maiores cervejarias do mundo, a United Breweries Group (UB Group), Mallya buscou refúgio no Reino Unido em 2016, após ser acusado pela Justiça indiana por empréstimos não pagos e lavagem de dinheiro.

A mansão que replica a residência e sede oficial da presidência dos EUA não foi ocupada, pois as leis indianas determinam que, em caso de condenação, os recursos relacionados às atividades ilícitas do empresário podem ser confiscados pelo governo. Como vive fora do país, o magnata conseguiu postergar um possível julgamento até aqui, segundo apuração do jornal La Nación.

Mallya nega as acusações de fraude e alega que pagará suas dívidas, enquanto as autoridades indianas tentam garantir a extradição do empresário para a resolução do conflito jurídico, ainda de acordo com o periódico argentino.

Nesse contexto, o destino da mansão, que poderia ser vendida para saldar as dívidas do empresário, permanece incerto. Apesar disso, o imóvel tornou-se um ponto turístico em Bangalore ao atrair viajantes e curiosos que contemplam e fotografam a "Casa Branca indiana" à distância.

Heliponto e elevador particulares

Para construir a mansão de quase quatro mil metros quadrados, foram gastos cerca de US$ 20 milhões (R$ 103 milhões). Conforme descrito pelo La Nación, o imóvel tem amplos jardins, uma adega de vinhos, piscina infinita e um heliponto particular.

A mansão conta ainda com elevadores privativos para que o seu proprietário não precise dividir o mesmo espaço com seus vizinhos de baixo, que pagaram aproximadamente US$ 3 milhões (R$ 15 milhões) por apartamentos de luxo de até três andares no mesmo edifício, ainda segundo o jornal argentino.

Herança, negócios e prisão

A história e o estilo de vida de Mallya inspirou a criação da série documental "Bad Boys e Bilionários", da Netflix, que resume a trama como uma produção sobre a "trilha de ganância, fraudes e corrupção que ergueu — e derrubou — alguns dos magnatas mais poderosos da Índia".

Além de presidir o UB Group, que herdou aos 28 anos, de acordo com o Estadão, o empresário fundou a companhia de aviação Kingfisher Airlines, foi membro do Parlamento indiano por dois mandatos, e foi um dos donos da equipe de Fórmula 1 Sahara Force India.

Vijay Mallya, empresário indiano acusado por corrupção  - Adrian Dennis/AFP PHOTO  - Adrian Dennis/AFP PHOTO
Vijay Mallya, empresário indiano acusado por corrupção
Imagem: Adrian Dennis/AFP PHOTO

Em 2017, Mallya foi preso em Londres, após o governo britânico acatar um pedido das autoridade indianas, que acusava o magnata de deixar a Índia rumo à Inglaterra para evitar sua prisão pelo não pagamento de uma dívida de 1 bilhão de libras (R$ 4.1 bilhões à época) a bancos estatais, após a falência da Kingfisher Airlines, em 2012.

O empresário indiano negou as acusações e foi liberado logo após se apresentar aos juízes da corte de Westminster. "Eu neguei e continuarei negando todas as acusações contra mim", falou, do lado de fora do tribunal. "Eu não iludi nenhum júri. Se é meu dever estar aqui, estou feliz de estar aqui", concluiu na ocasião.

*Com reportagem publicada em 03/10/2017.

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