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Esquina da Consolação com a Paulista ganha projeções em homenagem LGBTQIA+

Empenas de prédios no cruzamento da Consolação com a Paulista recebem projeção de imagens do artista Mena - Nícolas Haverroth/Divulgação
Empenas de prédios no cruzamento da Consolação com a Paulista recebem projeção de imagens do artista Mena Imagem: Nícolas Haverroth/Divulgação
do UOL

Bruna Monteiro de Barros

Editora-chefe de Splash

29/05/2024 16h20

Ao anoitecer nesta quarta (29), a esquina da Paulista com a Consolação entra no clima da Parada LGBTQIA+ com projeções de obras de arte com as cores do arco-íris nas empenas de alguns prédios, além de lasers colorindo árvores e antenas.

Empena é a lateral sem janelas de um edifício. Enquanto a maioria das pessoas vê uma parede, artistas enxergam telas. Grafites nas empenas já são uma realidade espalhada por São Paulo há um bom tempo, mas a projeção vai além e dá vida e movimento às obras.

O cruzamento da Consolação, Paulista e Rebouças é um corredor. Nosso trabalho é transformar corredores em sala de estar. Quando aquelas paredes acendem e ganham imagens, acontece a magia. A cidade tem que ser uma grande sala de estar. A Paulista no domingo, quando deixa de ser um corredor, é um ganho de riqueza para artistas e para todos que passam por ali Alexis Anastasiou, diretor da Visualfarm e artista visual

O evento Boulevard das Artes, que vai celebrar a diversidade em apoio à Parada, que acontece domingo (2), é uma concepção da Visualfarm, um estúdio que mistura, arte, design e tecnologia e já deu vida a eventos como Os Mundos de Leonardo da Vinci e o Festival de Luzes —que passou a ser anual em São Paulo, Florianópolis e Rio de Janeiro.

Segundo Anastasiou, a ideia é que o evento vire uma atração fixa na cidade. "Sempre acreditei que as projeções não deveriam ser algo eventual, mas permanente, porque é algo que transforma a arquitetura. Com o Boulevard estamos caminhando para isso."

O artista escolhido para a homenagem foi o grafiteiro Mena, que usa as cores do arco-íris em sua obra e, desde 2020, espalha pela capital paulista desenhos inspirados na geometria sagrada, no xamanismo e em espiritualidades como a hinduísta e a egípcia.

"As sete cores, pra mim, representam a fragmentação da luz, como o que acontece com gotículas de água e o sol. Quando deixo a minha arte em um local, é um ponto de luz. Mas também representam os sete chacras, os vórtices de energia no nosso corpo físico", detalha Mena. "E também são as cores da diversidade, símbolo da união de todas as cores, porque todos somos um, a diferença é a ilusão da matéria", completa, reafirmando o prazer de abraçar a causa do orgulho LGBTQIA+.

Sobre o desafio de criar uma arte para projeção —transitória e dinâmica, o contrário do perfil dos seus grafites—, Mena destaca a possibilidade de passar mais de uma mensagem e poder transformar uma mesma pessoa de várias maneiras. "Ali falamos de empatia, abundância, harmonia. Eu espero poder abrir o coração das pessoas e conectar o espírito delas para a união e o respeito, que, acredito, são a base para a evolução humana."

Quem passar pela movimentada esquina durante a noite poderá se deleitar até domingo com as projeções —com tecnologia de mapping, light design e lasers.

Imagens projetadas na esquina da Consolação com a Paulista no projeto Boulevard das Artes, da Visualfarm, em homenagem à Parada LGBTQIA+ - Nícolas Haverroth/Divulgação - Nícolas Haverroth/Divulgação
Imagens projetadas na esquina da Consolação com a Paulista no projeto Boulevard das Artes, da Visualfarm, em homenagem à Parada LGBTQIA+
Imagem: Nícolas Haverroth/Divulgação

Festival de Luzes

A Visualfarm promove na cidade desde 2018 o Festival de Luzes, evento gratuito e inovador que traz à população arte desenvolvida com o que há de mais novo na tecnologia.

Anastasiou escreveu uma trajetória de inovação que começou como VJ, com projeções em festas de música eletrônica, passou para projeções em prédios —fazendo história com o projeto Vídeo Guerrilha, que por três anos ajudou a ressignificar a região do Baixo Augusta—, depois fulldrome imersivo, imagens em cortinas d'água e, finalmente, drones.

Com esse perfil de vanguarda, ele e sua equipe sempre deixam de boca aberta os espectadores do Festival de Luzes, como quando fizeram andar o Monumento às Bandeiras, no Ibirapuera, ou desenharam discos voadores com dezenas de drones no céu da capital. Até para o Rio e Floripa o evento já migrou.

Anastasiou informa que o festival este ano provavelmente será menor do que edições anteriores por conta do que ele chama de boicote às leis de incentivo no estado. "Tarcísio está fazendo em São Paulo o que Bolsonaro fez no país. Não acaba com as leis de incentivo, mas as torna impossíveis, inventando critérios e questionando a validade. Eles dizem que não conseguimos provar a importância cultural do evento", lamenta. "Um evento gratuito, democrático, no espaço público."

Mas setembro pode esperar que o Festival de Luzes de São Paulo chegará. A equipe continua captando verba e patrocínio para entregar o máximo que conseguir. "A Arábia Saudita fez um festival de US$ 20 milhões e aqui eu não consigo captar R$ 1 milhão. Cidades no mundo usam seus festivais de luzes para reforçar a marca da cidade, como Berlim e Sidney, que recebem gente do mundo inteiro. Lyon, na França, faz dinheiro com as luzes como o Rio faz com o Carnaval."

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