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Virada: 'A administração não controla o cachê dos artistas', diz secretária

Público assiste a shows a Virada Cultural no Anhangabaú na tarde de sábado (18/5) - Marcelo Justo/UOL
Público assiste a shows a Virada Cultural no Anhangabaú na tarde de sábado (18/5) Imagem: Marcelo Justo/UOL
do UOL

Júlio Boll

Colaboração para Splash, em São Paulo

22/05/2024 04h00

Críticas de um lado, otimismo do outro. A Virada Cultural da Solidariedade, realizada no último sábado (18) e domingo (19), levou mais de 4,5 milhões de pessoas às ruas — em público rotativo — para conferir as 600 atrações em 12 arenas espalhadas por São Paulo e é vista como um verdadeiro sucesso pela Secretaria Municipal da Cultura.

Em entrevista a Splash, a recém-empossada secretária da pasta, Lígia Jalantonio, enalteceu o resultado final. "Penso a Virada como uma política de longo prazo e que também tem o papel de formar público e técnicos. Temos toda uma cadeia de economia criativa voltada para o mercado mesmo. Foi um sucesso, com um público muito forte nas arenas afastadas do centro", reforça ela.

Quando vejo publicações dizendo que a Virada foi um fiasco, e com a foto mostrando a arena lotada, tá tendo uma incongruência. Lígia Jalantonio, chefe da Secretaria Municipal da Cultura

virada - Reprodução Instagram - Reprodução Instagram
A secretária municipal da Cultura, Lígia Jalantonio
Imagem: Reprodução Instagram

No fim de semana, parte do público e comerciantes criticaram a má divulgação do evento. Segundo Lígia, a expectativa é que esse processo melhore nos próximos anos, já que, nas últimas três edições, a programação de atrações foi divulgada apenas 10 dias antes do evento.

"Tivemos um público bom, sim, mas precisamos investir mais nessa divulgação territorial, em que a grande mídia não está acostumada."

Ela explica: "Cada subprefeitura tem um supervisor, que tem sua rede de contatos para disparar a divulgação, seja por grupos de WhatsApp, Facebook, Instagram, então queremos melhorar esse efetivo no ano que vem e aumentar o espaçamento entre a divulgação e o dia da Virada em si".

Nas primeiras horas da Virada Cultural, alguns comerciantes reclamaram sobre a pouca participação popular. Nas últimas horas de sábado (18), no entanto, as vendas melhoraram. Comerciantes consultados por Splash, no sábado, afirmaram nesta terça que a participação no evento, de fato, "valeu a pena". "O resultado final foi ótimo, o evento bombou", disse uma das ambulantes entrevistadas, que não quis se identificar.

Sobre essas oscilações nas vendas, Lígia aponta que o feedback de comerciantes foi positivo, de forma geral. Ela exemplifica o caso de uma ambulante na Arena São Miguel, que estava distribuindo cartões de seu negócio ali na região. "A Virada é um momento pontual, mas gera vendas depois. Foi uma oportunidade de divulgar o serviço dela ali no território."

Descentralização

Desde 2016, a Virada Cultural passou a ser descentralizada, com ações em subprefeituras distantes do centro de São Paulo. Essa é uma das conquistas do evento, e que não deve ser deixada de lado daqui para a frente, segundo Lígia. Essa proposta também é uma das missões da pasta, ao longo do ano, em todas as ações.

"Seguimos com ações no Centro, não vamos abrir mão dele, mas estamos investindo nas periferias. Antes da gestão anterior, mais de 40% do recurso da cultura era alocado na região central, e hoje esse porcentual passou a ser de 20%", contextualiza a secretária, citando os extremos sul e leste como áreas que tiveram adicional em recursos.

Em meio a esse debate, a Virada Cultural 2024 consumiu quase R$ 60 milhões de orçamento para acontecer (30% a mais que o ano passado). Para Lígia, "a Virada não é somente o fim de semana", por ser uma "política de longo prazo" e pelo fato de esta edição ter aumentado o número de atrações.

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Celulares voltados para o palco montado na Vila Brasilândia, na noite de sábado (18/5), na Virada Cultura
Imagem: Bruna Bento/UOL

No ano passado, foram 400 atrações, e agora tivemos 600. A administração não controla o cachê dos artistas, porque é um valor de mercado, e buscamos atender a demanda de quem está na periferia. Eles também têm o direito de ver shows como Joelma, Maiara e Maraísa, Michel Teló, por não terem condições de pagar por isso. Lígia Jalantonio

Ajustes

Assim como a divulgação em si, Lígia avalia que alguns ajustes pontuais na programação devem ser realizados nos próximos anos. Na Arena Capela do Socorro, por exemplo, Roberta Miranda abriu a programação no sábado, às 17h, com um público abaixo do esperado. "Ao mesmo tempo, o Anhangabaú estava lotado", compara a secretária, citando os shows de Pabllo Vittar, Matuê e Leo Santana que tiveram entre 40 e 50 mil pessoas de plateia.

Podemos pensar em ajustar a programação em alguns pontos, com matinês e atrações mais para crianças e famílias de tarde, para que esse público de 'mais cedo' aproveite no horário condizente. Lígia Jalantonio

Em relação aos comerciantes, a secretária acredita que o edital de chamamento também pode ser revisto, já que o modelo é o mesmo utilizado em outros eventos na cidade, como o Carnaval. A intenção é ampliar o escopo. "O munícipe não lê o diário popular, então muitos acabam nem sabendo. Eles não têm a obrigação de ler, mas a gente precisa rever como publicizar isso", afirma.

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