"Violinista Chavosa" de São Paulo inova com mistura de estilos e participa de batalhas de rap
Por Leonardo Benassatto
SÃO PAULO (Reuters) - Maria Luiza Kaluzny achava que, para se tornar uma violinista de sucesso, precisaria sair de seu bairro na zona norte de São Paulo e tocar música clássica para os ricos e poderosos.
Então, a jovem de 23 anos, conhecida como "Violinista Chavosa", começou a tocar para os passageiros em seu trajeto de uma hora a partir da Vila Brasilândia, onde começou a fazer experiências misturando música pop, clássica e internacional com funk brasileiro.
Agora, ela se apresenta em frequentes batalhas de rap, uma forma de competição musical de estilo livre em que dois artistas trocam elogios, insultos e jogos de palavras de raciocínio rápido para ver quem se sai melhor.
Ela espera que seu talento com o violino possa levar a cultura da periferia brasileira a palcos tradicionais.
"Foi no rap que eu encontrei espaço para poder existir! Por muito tempo eu tive minha mente alienada, me convenceram que o sucesso era o oposto da periferia e que eu precisaria sair do meu bairro para tocar em um bairro da elite e que seria impossível ter espaço com esse instrumento (violino) fazendo músicas para pessoas da favela", disse ela à Reuters.
“Quando a porta não estiver aberta, nós vamos lá e derrubamos!"
Kaluzny, que nasceu em Curitiba, afirmou que acredita que é importante que as pessoas da periferia trabalhem para expandir os tipos de carreira, arte e expressão abertos a elas.
“Eu não preciso ser uma violinista brasileira, da periferia no Brasil e tocar no modo europeu, eu não preciso. Onde está escrito isso? Eu posso muito bem tocar o violino pelo que eu estudei para isso, eu estudei muitas horas igual ao violinista que toca na orquestra. Eu estudei para isso, então eu posso muito bem usar isso (a música) para minha cultura, para os problemas que eu lido, para o cenario que eu convivo.”
No metrô, enquanto Maria Luiza Kaluzny se apresenta a caminho do trabalho, os passageiros tiram os fones de ouvido e desviam o olhar de seus telefones, com expressões de surpresa e satisfação.
"Eu pude escolher ser artista e por isso eu me sinto viva", disse ela. "É ter um pertencimento, se apropriar disso e fazer isso aqui."
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