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'Troquei de obstetra na 36ª semana e só então encontrei a tranquilidade'

Isabel grávida, com a filha Clara - Acervo pessoal
Isabel grávida, com a filha Clara Imagem: Acervo pessoal
do UOL

Luciana Bugni

Colaboração para Universa

23/04/2024 14h53

"Quando minha filha fez 2 anos, decidimos ter outro filho, mas tentamos por um ano e nada acontecia. Fiz um exame que detectou adenominose, um tipo de endometriose no músculo do útero. Passei por um procedimento de raspagem e o médico avisou que, se eu não engravidasse de maneira natural em seis meses, tentaríamos de outra forma. Não foi necessário. No mês seguinte, eu estava grávida.

Na gestação, eu me sentia bem. Não passei mal ou fiquei enjoada. Só engordei muito, o que atrapalhava um pouco minha autoestima. Mas tudo corria da melhor forma possível. O problema começou quando, em uma ultrassonografia, a médica disse que a cabeça do bebê era pequena demais. Isso me deixou ansiosa e aflita: a cada exame, ele era considerado pequeno para a idade gestacional.

No meio desse processo, meu sogro teve um problema de saúde grave e estava correndo risco de morrer. Isso fez minha pressão subir. A médica concluiu que o bebê não estava crescendo como deveria pois eu estava com pré-eclâmpsia, mas algo dentro de mim dizia que nada daquilo estava certo. Eu media minha pressão em casa e estava baixa.

Médico insensível e cesárea

Foram duas situações muito difíceis naquele período. A primeira foi quando um médico superinsensível me mandou comprar roupas para um bebê prematuro e me preparar psicologicamente para ser mãe de UTI, porque não teria jeito de evitar. 'O bebê está comendo em prato de sobremesa, sua placenta não está dando conta', ele disse.

isabel - Acervo pessoal - Acervo pessoal
Isabel grávida de Felipe
Imagem: Acervo pessoal

O segundo baque foi quando a minha obstetra falou que com 37 semanas faríamos uma cesárea devido à suposta pré-eclâmpsia. Eu tinha tido um parto natural lindo da minha primeira filha, com 41 semanas e quatro dias, e aquilo para mim foi devastador. As pessoas diziam pra eu confiar na médica e que daria tudo certo.

Era horrível pensar que meu bebê poderia precisar ficar na UTI e ter sequelas. Ou pior: que ele tivesse uma síndrome e por isso não crescia.

A força veio quando decidi trocar de obstetra, na 36ª semana. Eu não aceitava o fato de arrancar meu filho de mim com 37 semanas, já que os dopplers estavam ótimos: ele só era pequeno.

Na reta final, encontrei a tranquilidade. Mudei de médica, começamos a monitorar todos os dias o bebê. Ela entendeu que não havia necessidade de tirar com 37, se o doppler não viesse alterado. Mas eu ainda tinha um pouco de medo de ter algo errado por ele ser pequeno.

felipe - Acervo pessoal - Acervo pessoal
Felipe no colo na irmã mais velha, Clara
Imagem: Acervo pessoal

No fim, tive um parto a jato, com 40 semanas. Foram apenas duas horas e sem anestesia. O meu filho nasceu, não chorou e fiquei preocupada, gritando para o pediatra para saber se estava tudo certo. Estava: ele só era mesmo um bebê pequeno, e eu também sou pequena.

Acho importante que as mulheres estudem, leiam e, principalmente, acreditem nos seus instintos — devemos sempre confiar no nosso instinto feminino e materno. Fico agradecida por ter tido essa força. Se tiver desconfiada, mude de obstetra, de hospital e do que for necessário. Nunca vamos nos arrepender de lutar pelos nossos filhos."

Isabel Delmonte, 38 anos, psicóloga, mãe de Clara, 7 anos, e Felipe, 4

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