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'Engravidei sem planejar, minha mãe rompeu comigo e hoje estamos bem'

Natany: uma gravidez complicada, mas tudo certo depois do parto - Acervo pessoal
Natany: uma gravidez complicada, mas tudo certo depois do parto Imagem: Acervo pessoal
do UOL

Luciana Bugni

Colaboração para Universa

23/04/2024 14h41

"Descobri a gravidez bem no começo porque minha menstruação era muito certinha e eu acompanhava a ovulação. Atrasou, desconfiei e fui fazer um teste de farmácia. Estava em um relacionamento havia apenas um mês com o pai da criança.

Eu sabia que não seria acolhida por minha família. Meus pais são separados desde que eu tenho 6 anos e havia uma expectativa em mim, por ser a primeira pessoa da família a se formar na universidade, de que eu ajudasse em casa. Nessa época, minha mãe estava desempregada. Escondi a gestação enquanto pude, mesmo com os enjoos. Nós morávamos em uma comunidade e havia o plano de alugar um apartamento um pouco melhor para morarmos.

Mas eu sempre tive problemas respiratórios e um dia, junto com os enjoos, tive de ser internada. Tive então que contar para minha família. Minha mãe não me visitou na internação e decidi que iria morar com o pai da criança. Quando fui para casa buscar algumas coisas, ela sugeriu que eu interrompesse a gravidez. Nesse momento eu percebi que era melhor rompermos.

Foi um período de intensa tristeza e culpa, e eu sentia muito medo em relação ao afastamento da minha família. Mas seguia trabalhando como recepcionista de uma escola de comunicação executiva e a mudança para a casa de meu namorado fez o percurso ao trabalho, que era de dez minutos, se alongar para 50 minutos dentro do transporte público lotado.

Eu não conversava com muita gente sobre o assunto e tentava absorver tudo que estava se passando. Pessoas próximas tratavam como irresponsabilidade eu ter engravidado sem planejamento e essa reação era um peso a mais além do que eu estava vivendo com minha família. Não tinha sido planejado, mas eu trabalhava, era formada e estava com o pai da criança. Não havia nada errado. Muitas amigas se afastaram e o círculo de amizades se transformou até hoje.

Durante a gestação, minha mãe e eu voltamos a nos falar. No dia do parto, a ficha não tinha caído e cheguei no hospital já com 4 cm de dilatação. Logo fiquei por lá, mas não tinha nem as roupinhas do bebê comigo, porque minha mãe as havia levado para lavar. Tudo correu bem. Acho que só entendi o que havia acontecido quando cheguei com o bebê em casa.

Hoje, penso que tudo valeu a pena. Quando eu era nova, achava que abortaria se engravidasse sem planejar, mas quando aconteceu, eu só pensei em ter meu filho. Foi muita felicidade que isso tenha se concretizado, eu ter meu filho, ele estar bem, e eu estar certa das escolhas que fiz.

Sou casada com o pai da criança até hoje e vivemos bem. Minha mãe tem um encantamento por meu filho que, desde que ficou maiorzinho, dorme de vez em quando na casa dela e eles se dão muito bem. Ela achava que eu a havia abandonado, mas logo isso mudou, com muito amor e carinho."

Natany Luiz da Silva, 29 anos, relações institucionais, mãe de Bakala, 4 anos

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