Mais gelado que o seu: 'coração' de Plutão tem origem revelada por pesquisa
Pesquisadores descobriram a origem do "coração" de Plutão quase 10 anos depois de a estrutura ter sido captada pela sonda News Horizons da Nasa, em 2015.
O que aconteceu
A pesquisa revela que parte do "coração" foi criada após a colisão de um asteroide de cerca de 700 quilômetros de diâmetro com o gelado Plutão —o dobro do tamanho da Suíça. O estudo, publicado na revista Nature Astronomy, foi realizado por cientistas da Universidade de Berna, na Suíça, e da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.
Estudiosos descobriram que o impacto foi lento e atingiu uma região coberta por 730 quilômetros de gelo. Foram feitas três simulações matemáticas para chegar a essa conclusão. "Estamos acostumados a pensar nas colisões planetárias como eventos incrivelmente intensos (...) Mas no distante sistema solar, as velocidades são muito mais lentas e o gelo sólido é forte", diz Erik Asphaug, um dos pesquisadores.
A colisão provavelmente ocorreu em um ângulo inclinado e não diretamente frontal. Segundo a pesquisa, o impacto ocorreu em um ângulo de 30º. "O núcleo de Plutão é tão frio que as rochas permaneceram muito duras e não derreteram apesar do calor do impacto, e graças ao ângulo de impacto e à baixa velocidade, o núcleo do causador do impacto não afundou no núcleo de Plutão, mas permaneceu intacto como um respingo", explica Harry Ballantyne, um dos pesquisadores.
O "coração" é também conhecido como Tombaugh Region. O nome é uma homenagem ao astrônomo Clyde Tombaugh, que descobriu Plutão em 1930. A parte ocidental do coração —que forma uma lágrima— é conhecida por Sputnik Planitia. A temperatura superficial média de Plutão pode chegar a -230ºC.
Não há oceano subterrâneo em Plutão como se acreditava até então, conclui a pesquisa. "A formação do Sputnik Planitia fornece uma janela crítica para os primeiros períodos da história de Plutão", diz Adeene Denton, pesquisadora.