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OPINIÃO

Cris Fibe: Violências psicológica e moral antecedem a física

do UOL

Colaboração para Universa, em São Paulo

02/04/2024 19h47Atualizada em 03/04/2024 05h58

As violências psicológica e moral antecedem uma violência física mais grave, afirmou a colunista do UOL Cris Fibe durante o UOL News desta terça (2). Ela comentava sobre o filho caçula do presidente Lula (PT), Luis Claudio Lula da Silva, 39, denunciado por violência praticada contra uma ex-companheira. Defesa nega acusação.

Cubro o assunto violência contra a mulher há alguns anos e tenho a impressão de que parece que a violência está crescendo, mas o que está crescendo é a nossa voz. A gente tá ficando menos silenciosa. O fato de algumas mulheres famosas estarem vindo a público e dizerem 'eu fui vítima de violência doméstica nas mãos do parceiro que eu amava' é uma atitude muito corajosa e importante para que outras mulheres se sintam menos isoladas e tenham também voz. Cris Fibe, colunista do UOL

Porque a gente ainda tem muita vergonha, as vítimas nesse caso é quem têm vergonha, e não quem comete os crimes. As vítimas sentem culpa pelo crime de que elas sofrem, vergonha e medo do que vai acontecer. Acho importante a gente estar falando sobre isso porque esses elementos, a violência psicológica e violência moral que podem anteceder uma violência física mais grave, a gente às vezes espera elas escalonarem para a violência física para buscar ajuda. Cris Fibe, colunista do UOL

Fibe diz que a mulher e quem está à sua volta podem diminuir a gravidade desses tipos de violências, não sendo possível evitar, por exemplo, algo mais grave como um feminicídio.

Muitas vezes, não só a mulher, mas principalmente quem tá em volta, diminui a gravidade da violência psicológica e da violência moral. As mulheres e às vezes quem também tá no entorno espera para ajudar só quando chega naquele momento da violência física. De uma hora para outra isso vira um feminicídio, um assassinato de uma mulher. Porque, na verdade, a violência psicológica também é muito grave, a violência moral também é muito grave e o que são essas coisas? Cris Fibe, colunista do UOL

Isso são crimes de fato, previstos na Lei Maria da Penha, que protege as mulheres, e essa lei diz: 'a violência psicológica é qualquer conduta que cause dano emocional, diminuição da autoestima, prejudique o desenvolvimento da mulher e vise degradar ou controlar as suas ações, decisões e comportamentos'. Coisa, infelizmente, tão comum em uma sociedade misógina como a nossa. Cris Fibe, colunista do UOL

Ela detalha o que é violência psicológica e violência moral dando exemplos que vão desde humilhação e constrangimento até acusações falsas de traições e exposição íntima.

Ameaças, constrangimento, humilhação, manipulação, chantagem, limitação do direito de ir e vir, isolamento. Uma série de coisas que podem configurar violência psicológica e já permitem que a mulher vá denunciar e também recebam uma medida protetiva para protegê-la desse sujeito reagir com uma violência física e que a machuque gravemente, às vezes sem volta. Cris Fibe, colunista do UOL

E a violência moral, que é a calúnia, difamação ou injúria, pode ser desde acusar a mulher de traição, emitir juízo moral sobre a conduta dela, fazer críticas mentirosas ou expor a vida íntima dela, desvalorizar a vítima pelo modo de vestir. Tudo isso está previsto como violência moral. Cris Fibe, colunista do UOL

Essa denunciante do filho do Lula, que inclusive é diretor de um time de futebol do Amazonas, ela diz que a violência vinha se escalonando ao longo dos últimos anos. Isso é muito importante, porque a tendência de uma relação é não diminuir. Então, a mulher que está numa relação e está sofrendo, é legal sair, é legal ir embora. A violência não vai diminuir. [?] É importante que as mulheres denunciem. Cris Fibe, colunista do UOL

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.

Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa:

O que aconteceu

A vítima registrou um boletim de ocorrência nesta terça-feira (2). O registro foi feito de forma eletrônica na Delegacia da Mulher em São Paulo. Universa teve acesso ao documento.

Os relatos da ex-companheira são de violência física, moral e psicológica. A vítima narrou que levou uma cotovelada na barriga em uma das brigas em janeiro deste ano ao se recusar a entregar o aparelho celular.

Defesa nega acusação e diz que acusações são "inverídicas" e "fantasiosas". "Tomamos conhecimento das fantasiosas declarações que teriam sido proferidas, atribuindo ao nosso cliente inverídicas e fantasiosas agressões, cujas mentiras são enquadráveis nos tipos dos delitos de calúnia, injúria e difamação, além de responder por reparação por danos morais, motivos pelos quais serão tomadas as medidas legais pertinentes", diz nota enviada a Universa. O documento é assinado pela advogada Carmen Silvia Costa Ramos Tannuri.

A Universa, a advogada da vítima confirmou os fatos narrados no boletim de ocorrência, disse que confia nas autoridades policiais e pediu para que o nome da cliente não seja divulgado.

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

Para receber atendimento ou fazer denúncias pelo WhatsApp, é possível enviar mensagem para o número (61) 99611-0100; ou pelo Telegram, basta digitar "Direitoshumanosbrasil" na busca do aplicativo. Após uma mensagem automática inicial, o atendimento será feito pela equipe do Disque 100 ou do Ligue 180.

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