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OPINIÃO

Série 'Sr. & Sra. Smith' melhora a ideia do filme de Brad Pitt e Jolie

Donald Glover e Maya Erskine em "Sr e Sra Smith", série do Prime Video - Divulgação/ Prime Video
Donald Glover e Maya Erskine em 'Sr e Sra Smith', série do Prime Video Imagem: Divulgação/ Prime Video
do UOL

Colunista de Splash

02/03/2024 04h00

O ano era 2005. Angelina Jolie e Brad Pitt eram o casal mais "hot" e popular do mundo, invejado e desejado por todos. Juntos, estrelaram um dos melhores filmes da carreira dos dois, a comédia de ação "Sr. & Sra. Smith". A premissa do roteirista Simon Kinberg era genial. Eles viviam um casal com uma pacata vida normal, mas com um pequeno detalhe: eram espiões trabalhando pra agências diferentes - e um não sabia nada da carreira do outro.

"Sr. & Sra Smith" era um filme de ação disfarçado de comédia romântica, ou o contrário. Tédio conjugal, segredinhos mútuos, brigas, vontade de se separar... Tudo estava lá, com a diferença de que eles tinham sempre uma pistola ou uma metralhadora à mão. Quase vinte anos depois, essa ideia retorna em forma de série no Prime Video pelas mãos de Donald Glover, produtor, roteirista e rapper por trás do sucesso da série "Atlanta", disponível na Netflix.

O casal da série já chega com mais variedade. Glover, o John Smith, é negro, e sua parceira Maya Erskine, a Jane Smith, tem ascendência japonesa (uma curiosidade: o papel foi recusado por Phoebe Waller-Bridge, a estrela da série "Fleabag"). A premissa já parte de um lugar diferente: desta vez, eles se conhecem já como espiões, e o casal só vai se formar a partir de muito convívio, tiro, porrada e bomba.

Wagner Moura - Reprodução - Reprodução
Wagner Moura e Parker Posey em cena de "Sr. e Sra. Smith"
Imagem: Reprodução

Ao longo de oito episódios, eles vão enfrentar uma série de inimigos na base da bala e de muita perseguição, enquanto enfrentam aquilo por que passam muitos casais (a partir daqui, spoilers leves).

John reclama que Jane é muito controladora até no sexo. Ela descobre num dado momento que ele tem um amante. Ele é apegado demais à mãe, o que a incomoda. À beira da separação, eles decidem enfrentar uma dolorosa terapia de casal — no episódio mais inspirado da temporada. Tudo sem poder dizer aos outros qual é seu verdadeiro trabalho; para todos os efeitos, trabalham com engenharia de software. O novo roteiro ainda traz um bem-vindo toque feminista: ao que tudo indica, ela é mais competente que ele no trabalho de espiã — e o chefe, que só dá as caras por mensagem de texto, parece saber disso.

Não bastasse a química entre Glover e Erskine, há muito tempo não se via uma série com tantas participações especiais de peso. Wagner Moura, cada vez mais em alta nas séries americanas desde "Narcos", vive um outro sr. Smith. Ao lado da esposa, ele vai jantar na casa dos protagonistas no que parece só uma inocente troca de figurinhas de trabalho, até que se revela coisa bem pior. Sarah Paulson (de séries como "Ratched" e "American Horror Story") brilha como a terapeuta do casal. E ainda tem Alexander Skarsgard (de "Big Little Lies"), John Turturro, Paul Dano ("Pequena Miss Sunshine"), Ron Pearlman e Michaela Coel (de "I May Destroy You"). Tudo acompanhado de uma bela trilha sonora com hits de todas as décadas.

"Sr. & Sra. Smith" pode não ser a grande série do ano. Mas dificilmente outra vai fazer você se divertir tanto - e ainda chegar à conclusão que casamento é tudo igual, só muda de endereço e de grau de risco.

Sr. & Sra. Smith
Todos os oito episódios já disponíveis no Prime Video

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