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Cientistas afirmam ter descoberto identidade de Jack o Estripador

BBC
Imagem: BBC

22/03/2019 08h36

Até hoje a polícia de Londres nunca conseguiu desvendar a identidade do homem que espalhou terror pelas ruas da capital britânica no final do século 19 conhecido como "Jack, o Estripador".

Mas o mistério pode ter chegado ao fim graças a um grupo de cientistas que dizem ter realizado a análise genética mais avançada já feita em relação aos assassinatos cometidos pelo homem que mutilava, desfigurava e extirpava órgãos de suas vítimas.

Apelidado pela imprensa local da época, Jack, o Estripador, um dos mais notórios assassinos em série da história moderna, foi acusado de matar ao menos cinco mulheres em 1888 no bairro de Whitechapel, no leste de Londres. As vítimas, quase todas prostitutas, tiveram suas entranhas colocadas para fora.

A maioria das vítimas de "Jack" era prostitutas - GETTY IMAGES - GETTY IMAGES
A maioria das vítimas de "Jack" era prostitutas
Imagem: GETTY IMAGES

O caso inspirou - e ainda inspira - vários livros e filmes e até um tour temático no leste de Londres.

Velho conhecido

Os pesquisadores Jari Louhelainen e David Miller, das universidades John Moores e Leeds, divulgaram seu estudo na revista acadêmica Journal of Forensic Sciences.

Para eles, o assassino teria sido justamente o principal suspeito da polícia, foi Aaron Kosminski, um barbeiro de origem polonesa que tinha 23 anos na época dos crimes.

É a primeira vez que a acusação é sustentada por uma prova genética publicada numa publicação acadêmica.

A análise mitocondrial com amostras de descendentes vivos de uma das vítimas e do principal suspeito à época reforçou a tese da polícia - Getty Images - Getty Images
A análise mitocondrial com amostras de descendentes vivos de uma das vítimas e do principal suspeito à época reforçou a tese da polícia
Imagem: Getty Images

Louhelainen e Miller fizeram um exame forense em num xale de seda que, segundo os pesquisadores, teria sido encontrado ao lado do corpo mutilado de Catherine Eddowes, a quarta vítima do assassino, em 1888.

Na peça, havia resíduos do que a polícia da época acreditava ser de sangue e sêmen. Os autores do estudo expandiram os exames genéticos desses resíduos e encontraram fragmentos de DNA mitocondrial (a herança genética por lado da mãe), que foram comparados com amostras de descendentes vivos da vítima e do suspeito.

O resultado? O resultado coincide com o de um parente vivo de Kosminski, asseguram os pesquisadores.

Mais de 100 anos depois do crime as ruas estreitas de Whitechapel, onde as mortes ocorreram, atrai curiosos e turistas - Getty Images - Getty Images
Mais de 100 anos depois do crime as ruas estreitas de Whitechapel, onde as mortes ocorreram, atrai curiosos e turistas
Imagem: Getty Images

Da análise do DNA também concluíram que o assassino tinha cabelo e olhos castanhos. Isso coincide com que uma testemunha declarou à época.

"Essas características seguramente não são únicas", admitem os dois pesquisadores no artigo. Mas ponderam que olhos azuis são mais comuns que castanhos na Inglaterra.

Críticas

O estudo de Jari Louhelainen e David Miller não é imune a críticas. Nem todos os especialistas estão convencidos de que a análise genética feita pelos pesquisadores é capaz de revelar a identidade de Jack Estripador.

Muitos já vinham, há tempos, apontando para dúvidas sobre a autenticidade do xale. Outros dizem que a comparação genética não leva em conta outros fatores capazes de alterar o resultado.

Hansi Weissensteiner, especialista em DNA da Faculdade de Medicina de Innsbruck, na Áustria, disse à revista Science que a analise mitocondrial não é decisiva para indicar um suspeito. Walther Parson, pesquisador forense da mesma universidade, criticou na Science o fato de os pesquisadores não terem divulgado as sequências de DNA "para que o leitor pudesse interpretá-las por si mesmo". Segundo Parson, a exposição desse DNA não representaria nenhum risco à privacidade dos envolvidos.

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