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'Quando não acha a resposta, inventa': especialista explica como IA alucina

do UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

06/07/2025 05h30

A professora Dora Kaufman, especialista em inteligência artificial, disse que modelos de linguagem como o Chat GPT tendem a "inventar" quando não encontram respostas para os questionamentos dos usuários. Durante participação no Alt Tabet, do Canal UOL, ela explicou que o fenômeno ocorre porque a IA baseia suas respostas em padrões e previsões a partir de dados estatísticos.

Kaufman explicou que a IA "inventa" a resposta a partir de um padrão e que, quanto mais popular for o tema pesquisado, maior a chance de o resultado apresentado ser verídico. "Quando a IA não acha a resposta, ele inventa aleatoriamente, mas segue um padrão. Por exemplo: se fizer uma pesquisa sobre uma grande personalidade, como o papa, ela terá resposta mais assertiva, porque depende do volume de informação da pessoa na internet para fazer a correlação".

Dora reforçou que todas as opções de IAs disponíveis "têm erro e o mais radical deles é chamado de 'alucinação' porque de fato não tem nada a ver com o perguntado" pelo usuário. "Primeiro porque é estatística, que é sempre uma probabilidade, nunca é 100%. O Chat GPT faz correlação entre palavras. Você quer perguntar sobre igreja em geral, e ele aprendeu antes quais são as palavras que mais frequentemente aparecem na internet ligadas à igreja, ou seja, quando você pede uma explicação sobre igreja ele busca estatisticamente as palavras mais conectadas a esse tema e monta uma resposta. Então a possibilidade de esse processo ter erros é muito grande".

Ela também destacou que o uso do termo IA "gera confusão porque a tendência é das pessoas compararem com a inteligência humana". "E aí se tem um problema porque nada tem a ver como a maneira como nosso cérebro funciona. A IA é toda baseada em modelo estatístico, um grande volume de dados que identifica padrões e faz previsões a partir desse grande volume de dados. E por ser estatístico, há uma possibilidade de grandes erros. É uma tecnologia extraordinária, mas é só mais um modelo estatístico".

Regulamentar IA é fundamental para proteger a democracia

Dora destacou que a IA pode representar um risco à democracia. "É uma tecnologia que aprende a partir de dados, é um sistema treinado com dados já impactados por distorções, e o maior impacto dessa distorção é sobre a democracia mesmo, porque gera um ambiente de não confiança, e um dos pilares da democracia é a confiança. Nesse ambiente, você já não sabe mais se aquela informação é verdadeira ou não. E essa é uma questão que passa por regulamentação das redes sociais, da IA. Como viver em sociedade em que não se sabe mais se a informação é verdadeira ou não? É bem complexo, por isso precisa ter regulamentação".

Especialista explica relação entre IA e meio ambiente

Kaufman apontou que a relação entre IA é meio ambiente é "paradoxal". "A IA ajuda no enfrentamento das mudanças climáticas, por exemplo, ao propiciar uma técnica de modelo estatístico capaz de lidar com grande volume de dados que ajuda os especialistas a fazerem projeções mais assertivas e essas projeções otimiza o tempo para executar uma tarefa, o que é benéfico para o meio ambiente. Porém, seu uso demanda alto gasto de energia e de água potável para não danificar os equipamentos, com impacto negativo no meio ambiente"..

Alt Tabet

Toda quarta, Antonio Tabet conversa com personagens importantes da política, esporte e entretenimento. Os episódios completos ficam disponíveis no Canal UOL e no YouTube do UOL.

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