Novo ciclo de negociações entre Israel e Hamas deve iniciar neste domingo no Catar
Uma equipe israelense é aguardada neste domingo (6) no Catar para um novo ciclo de negociações indiretas com o grupo Hamas, em vista de um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza e a libertação de reféns israelenses. As conversas ocorrem a poucas horas da viagem do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a Washington, onde encontrará o presidente americano, Donald Trump.
Uma fonte palestina próxima das negociações indicou neste domingo que a delegação do Hamas já está em Doha. Logo depois, Israel declarou que sua equipe de negociadores estava a caminho do Catar. A expectativa é que os diálogos tenham início ainda hoje.
Na noite de sábado (5), o gabinete de Netanyahu afirmou por meio de comunicado que "continuarão os esforços para recuperar os reféns". No entanto, o documento indicou que as exigências feitas pelo grupo Hamas na sexta-feira (4) são "inaceitáveis".
Israel denuncia mudanças que o movimento palestino "busca fazer na proposta" de acordo de cessar-fogo. Há dois dias, o Hamas declarou estar pronto para "iniciar imediatamente" negociações sobre a proposta de trégua negociada pelos Estados Unidos e transmitida pelos mediadores do Catar e do Egito, à qual afirmou ter apresentado "sua resposta", positiva.
Trégua de 60 dias
Segundo fontes próximas das negociações, a proposta incluiria uma trégua de 60 dias, durante a qual o Hamas libertaria 10 reféns ainda vivos, além de devolver corpos de outros israelenses que morreram em cativeiro, em troca da libertação de prisoneiros palestinos mantidos em detenções israelenses. Por outro lado, o movimento armado que controla a Faixa de Gaza quer garantias após o fim do cessar-fogo e o restabelecimento do controle da distribuição da ajuda humanitária por parte da ONU e de organizações internacionais reconhecidas.
Ao ser informado sobre o sinal positivo do Hamas, na sexta-feira, o presidente americano, Donald Trump, afirmou não estar a par da resposta, mas saudou a notícia. Segundo ele, um acordo entre as duas partes poderá ser concluído nesta semana.
Já o presidente israelense, Isaac Herzog, indicou que Netanyahu terá uma "missão importante" em Washington junto a Trump: "fazer avançar um acordo para trazer todos os reféns para casa". "É um dever moral supremo. Apoio plenamente esses esforços, mesmo quando envolvem decisões difíceis, complexas e dolorosas. Todos devemos nos lembrar de que o preço a pagar não é simples", salientou.
22 reféns vivos em Gaza
Das 251 pessoas sequestradas em 7 de outubro de 2023 pelo grupo Hamas, 49 seguem em cativeiro, embora o Exército isralense afirme que 27 morreram. No sábado, em uma manifestação em Tel Aviv, o Fórum das Famílias dos Reféns fez um apelo por um acordo que permita a libertação de todos os cidadãos e envio dos restos mortais a Israel.
Duas tréguas - uma em novembro de 2023 e outra no início deste ano - permitiu a volta de dezenas reféns e restituições de corpos. No entanto, em 18 de março, por falta de um compromisso sobre a continuação do cessar-fogo, Israel retomou sua ofensiva na Faixa de Gaza, interrompendo durante semanas a entrada de ajuda humanitária no enclave.
Enquanto as tentativas de uma nova trégua continuam, as operações israelenses no território palestino seguem castigando civis diariamente. Segundo a Defesa Civil da Faixa de Gaza, no sábado, 42 pessoas morreram nos ataques. Neste domingo, 14 mortos foram registrados.
(Com informações da AFP)