Sem Rússia e China, o que será decidido no encontro do Brics?

A cúpula do Brics se reunirá neste final de semana, no Rio de Janeiro, para debater assuntos que vão de economia à saúde, além dos conflitos geopolíticos no Oriente Médio. Está prevista a participação de quase todos os líderes dos países que compõem o bloco, à exceção dos presidentes das maiores economias: Xi Jinping, da China, e Vladimir Putin, da Rússia.
O que será debatido no encontro
Presidência brasileira do Brics quer declaração final de consenso entre líderes para demonstrar coesão. O documento prevê apoio ao multilateralismo, à COP30, à reforma das instituições globais, como no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), e uma parceria para pesquisas e combate a doenças geograficamente determinadas, temas considerados prioritários da agenda brasileira.
Guerra comercial iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a instabilidade no Oriente Médio, estarão em debate. Palácio do Planalto quer manter o foco nas mensagens que precisam ser emitidas em prol do multilateralismo e da paz global, além do apoio às prioridades do grupo. Há expectativa de que a declaração final do encontro faça menção ao conflito entre Irã e Israel, por exemplo.
Debate sobre inteligência artificial é esperado e defendido por especialistas chineses. O grupo deve se debruçar sobre questões do uso ético dessa tecnologia, sobretudo porque a China é uma das potências no desenvolvimento de IA. No início deste ano, Pequim lançou sua própria IA, a DeepSeek, em uma meta de se tornar líder global dessa tecnologia.
Na área de saúde, o foco está na criação de um parceria para eliminar doenças socialmente determinadas. A ideia é combater doenças causadas pela pobreza, o que envolve questão alimentar de combate à fome e moradias precárias.
Às vésperas da COP30, que acontecerá em novembro no Pará, a reunião dos Brics discutirá também a questão climática. O encontro deverá servir como espaço de construção para soluções mundiais, com foco no sul global, e antecipar debates que estarão em pauta na COP30. O Brasil defende uma nova liderança climática baseada na solidariedade entre os povos, para gerar respostas eficazes e equitativas às mudanças climáticas.
Lula terá encontros bilaterais durante o evento. O presidente brasileiro deverá se reunir à parte com os presidentes da Etiópia, do Vietnã e da Nigéria, além do primeiro-ministro chinês, Li Qiang. O petista deverá agendar outros encontros bilaterais ainda não confirmados pelo Planalto.
Ausências
Presidente da China, Xi Jinping confirmou que não virá ao encontro no Rio. O líder chinês será representado pelo primeiro-ministro, Li Qiang. Não foi explicado o motivo da ausência.
Putin também não vem. A ausência do presidente russo é motivada pelo mandado de prisão contra ele expedido pelo Tribunal Penal Internacional em razão da guerra iniciada pela Rússia contra a Ucrânia. Ele deverá participar dos debates por videochamada.
Entre países-membros, parceiros e convidados cerca de 28 nações deverão participar da reunião da cúpula no Rio. Os países-membros do Brics são Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Indonésia.
*Com RFI e Agência Brasil