Israel enviará delegação ao Qatar para negociar cessar-fogo com Hamas

Israel decidiu hoje enviar uma delegação a Doha, capital do Qatar, para negociar um acordo de cessar-fogo com o grupo terrorista Hamas. A informação foi dada pelo gabinete de um alto ministro israelense ao jornal "The Times of Israel".
O que aconteceu
Equipe de negociação deve viajar hoje à noite ou amanhã. A medida foi influenciada pela sinalização positiva do Hamas para "começar imediatamente" as negociações acerca de uma trégua na Faixa de Gaza, informou o portal N12. Ontem, o grupo comunicou que aceitou uma proposta dos EUA de 60 dias de trégua, durante a qual o Hamas libertaria metade dos reféns israelenses ainda vivos em troca da libertação de presos palestinos detidos por Israel.
Decisão ocorre antes de encontro entre Israel e EUA. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu viajará a Washington, onde deve se encontrar com Donald Trump na segunda-feira. Questionado sobre o anúncio do Hamas, o presidente americano disse ontem não estar a par ainda da resposta, mas manifestou satisfação. "Precisamos acabar com isso. É necessário que algo seja feito por Gaza", disse.
Qatar e EUA mediam negociações. Autoridades israelenses disseram à emissora pública de TV Kan que o Hamas aliviou suas exigências devido à pressão dos mediadores Qatar e EUA, acrescentando que "há algo com que trabalhar". Egito também faz parte das mediações.
Expectativas devem ser controladas. Segundo o funcionário israelense, há lacunas significativas nas conversas e o acordo não deve ocorrer em questão de minutos ou horas, mas dias. Fontes próximas ao Hamas afirmam que as negociações com os mediadores têm o objetivo de colocar um fim à guerra em Gaza.
Ofensiva israelense continua
As manobras diplomáticas não colocam freio nas hostilidades no enclave palestino. Quase toda a população foi deslocada internamente pela guerra, que já dura 21 meses. Nesta manhã, a Defesa Civil local anunciou 20 mortos em diferentes operações militares israelenses no território.
Segundo autoridades locais, oito pessoas foram mortas em um bombardeio que atingiu escolas na Cidade de Gaza. Já a Fundação Humanitária de Gaza (GHF), organização apoiada pelos EUA e Israel, anunciou hoje que dois de seus funcionários americanos ficaram feridos nesta manhã em um atentado contra um de seus centros de distribuição de ajuda em Khan Yunis, no sul do território palestino.
A GHF começou a distribuir alimentos na Faixa de Gaza em 26 de maio. A ação ocorre após mais de dois meses de bloqueio israelense à entrada de toda ajuda humanitária. As operações da organização deram lugar a cenas caóticas, com o Exército de Israel disparando frequentemente para tentar conter civis desesperados por comida.
Segundo a ONU, 613 pessoas morreram durante a distribuição de ajuda desde o fim de maio. Destas, 509 foram perto das instalações da GHF. As Nações Unidas e ONGs de ajuda humanitária se recusam a trabalhar com a polêmica organização, alegando que ela serve a objetivos militares israelenses e viola princípios humanitários básicos.
*Com informações da agência de notícias RFI