Delivery próprio ou por aplicativo? O que levar em conta na hora da escolha

A entrega de um produto é ponto-chave no processo de compra. Algumas empresas optam por fazer o delivery por conta própria, outras usam aplicativos e ainda há quem use os dois modelos, de forma híbrida.
Mas como saber qual a melhor opção? O UOL Economia conversou com especialistas que detalham o que levar em consideração nesta hora.
Como definir a melhor opção
Avalie a margem de lucro e custos. Detalhe todos os custos do negócio e verifique qual modelo, de fato, melhor encaixa no seu negócio, avalia Jane Blandina da Costa, analista de competitividade do Sebrae. "Para você escolher entre um delivery de aplicativo ou um delivery próprio, vai depender muito do perfil do negócio, vai depender da estrutura que esse negócio tem, se tem uma estrutura disponível, e do objetivo do empreendedor", observa Da Costa.
Ao calcular, leve em conta os custos de intermediação dos aplicativos. As taxas chegam a variar entre 20% a 30%, dependendo do app, conforme a analista do Sebrae. Porém, dentro desse percentual, já estão as taxas pagas às operadoras de cartões de crédito, que variam entre 1,8% a 3%, lembra Lucien Newton, vice-presidente da vertical de consultoria do Ecossistema 300 Franchising.
Delivery próprio é mais indicado para quem já tem a clientela definida. O modelo é recomendado para aquelas empresas que não têm uma capacidade de produção muito alta, mas que já tem uma estrutura mais madura - inclusive de logística - e conhece seus clientes.
Já o delivery por aplicativo é mais voltado para quem quer ampliar negócio. Essa opção é mais indicada para aquelas empresas que querem expandir suas vendas e tem capacidade para aumentar sua margem de custo e, consequentemente, sua produção. "A estratégia de delivery por aplicativo é uma estratégia viável. Por quê? Ele (o empreendedor) vai conseguir atender a demanda que vai surgir pelo aplicativo e também vai ganhar reconhecimento da marca dele", entende a analista de competitividade do Sebrae.
Uma terceira alternativa é o modelo híbrido, que usa a entrega própria e os aplicativos de delivery de maneira conjunta. A forma híbrida é uma boa opção para quem está começando um negócio e ainda não tem muita clareza das preferências do consumidor.
O ideal é fazer de forma híbrida: estar nos aplicativos para gerar um fluxo e até reconhecimento da marca, porque estará sendo visto em grande escala por esse aplicativo - e, paralelo a isso, pode ir investindo para ir construindo uma rede, base própria de clientes com canais diretos de venda. A ideia é ir experimentando esses dois formatos para até ter esse reconhecimento da marca e fidelização dos clientes.
Jane Blandina da Costa, analista de competitividade do Sebrae
Delivery próprio dá mais autonomia, mas implica em mais estrutura na empresa. A modalidade permite ter um relacionamento mais próximo com o cliente e, ao se fazer a "experiência de entrega", é possível fortalecer a fidelização com esse consumidor, entende Da Costa. E não há as taxas de intermediação dos aplicativos de delivery. "Mas isso também exige que se tenha investimento em infraestrutura, de logística e pessoal. (O empreendedor) Vai ter que ter tecnologias disponíveis para ter seu sistema próprio de delivery", considera a analista do Sebrae.
Já o delivery por aplicativo dá visibilidade e suporte, apesar das taxas. "Qual é a vantagem de entrar em aplicativo de delivery? É que tem grande visibilidade, alcança um público que talvez um pequeno negócio não consiga alcançar naquele momento sozinho. Eles têm uma base consolidada de clientes, têm uma estrutura de logística pronta e isso pode acelerar o volume de pedidos desse empreendedor", diz Da Costa.
Considere outras opções de venda, como WhatsApp Business e redes sociais. Os dois são aplicativos gratuitos e podem ser utilizados no processo de venda.
Rede de pizzarias não usa modelo "full service", quando o app de delivery faz todo o serviço: do pedido até a entrega final. Com 80 franquias, a Pizza Prime usa parte dos serviços disponíveis nesses aplicativos de entrega e o restante faz por conta própria. A rede utiliza uma plataforma chamada Saipos que funciona integrada com vários sistemas de entrega: quando um pedido chega até a rede, um funcionário da empresa decide qual dessas empresas vai fazer o delivery. Neste momento é levado em conta o tempo de deslocamento, por exemplo, o que é essencial para a entrega das pizzas, observa Gabriel Concon, fundador e CEO da Pizza Prime.
Pizza Prime recorre a três tipos de entregadores. Algumas lojas da rede possuem entregadores contratados via CLT, o que é mais usual de ocorrer em unidades mais antigas da rede. Porém, a maioria das lojas recorre a entregadores terceirizados. Nesse caso, há dois tipos: o sob demanda e o dedicado. O primeiro faz entregas quando o estabelecimento precisar. Já o "terceirizado dedicado" fica por um período de cinco a seis horas fazendo o delivery na loja.
Nós fizemos muitos testes e entendemos que o nosso formato de entrega aumenta a eficiência em 25 a 30%. Ou seja, a gente vende de 25 a 30% a mais. Porque não depende deles (dos aplicativos de entrega), depende de nós sermos eficientes, termos uma boa gestão da frota e sermos mais rápidos. Então foi de testes e resultados.
Gabriel Concon, fundador e CEO da Pizza Prime
Rede de hamburguerias de Porto Alegre usa "full service" de app de delivery em duas unidades. Já nas outras três unidades da Mark Hamburgueria a entrega é feita por uma cooperativa. O proprietário da rede, Mark Bandeira, explica que o uso de modelos diferentes ocorre por preferências dos consumidores - nessas três unidades não há tanta saída de pedidos por aplicativos de delivery.
10% das vendas da Mark Hamburgueria ocorre por canal próprio de vendas. Já o restante é feito por aplicativo de delivery no sistema "full service". Para incentivar a "migração", os valores dos lanches são mais baixos no canal próprio. "Sou defensor de aplicativos de entrega, eles dão muito incentivos. É um trabalho difícil trazer cliente para canal próprio", conta Mark.