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Bolsonaristas evitam anistia e focam em julgamento do STF em novo ato em SP

O ex-presidente Jair Bolsonaro discursa durante ato na avenida Paulista, em São Paulo, pela anistia de envolvidos nos atos de 8 de Janeiro - Bruno Santos/Folhapress
O ex-presidente Jair Bolsonaro discursa durante ato na avenida Paulista, em São Paulo, pela anistia de envolvidos nos atos de 8 de Janeiro Imagem: Bruno Santos/Folhapress
do UOL

Do UOL, em São Paulo

25/06/2025 05h30

Ao contrário do que foi feito nas últimas manifestações, Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados têm evitado usar a bandeira da anistia para convocar apoiadores para o ato de domingo, na avenida Paulista. Dessa vez, o foco deve ser o julgamento do ex-presidente no STF.

O que aconteceu

O mote da manifestação é "justiça já". Nos vídeos de divulgação, Bolsonaro fez descrições genéricas sobre o tema do ato. "Compareça na Paulista. É por justiça, é por liberdade", disse em uma postagem no Instagram, seguida por um jingle que diz "volta, Bolsonaro".

Pelo menos 12 parlamentares do PL aparecem em um vídeo convocando a população para a manifestação de domingo. No entanto, a palavra anistia não foi mencionada. "Nunca houve no nosso país um julgamento com tantas irregularidades, com tantas nulidades, com o único objetivo de prender uma pessoa", diz o deputado Gustavo Gayer (PL-GO) na gravação.

Em um vídeo similar, gravado antes da manifestação de abril, parlamentares clamaram por "anistia já". Na ocasião, batons foram usados por Michelle Bolsonaro e parlamentares do PL em protesto contra a prisão da cabeleireira Débora Rodrigues, que foi condenada por pichar a estátua da Justiça.

O pastor Silas Malafaia, principal organizador, disse que o ato vai tratar do julgamento no STF e da atuação de Alexandre de Moraes. "Quando você fala em justiça, você engloba tudo. Tem a anistia e tem a injustiça cometida por essas condenações e esse julgamento que estamos vendo aí", disse ao UOL.

Malafaia quer focar em delação de Mauro Cid e na prisão do ex-ministro do Turismo Gilson Machado. Ele afirma que excessos foram cometidos por Moraes nesses casos. "Acha que vou deixar passar isso? Vou botar para quebrar", disse. Uma das estratégias da defesa de Bolsonaro e Braga Netto no STF é descredibilizar a delação de Cid.

O perdão aos presos do 8 de Janeiro —e ao próprio Bolsonaro— foram o principal tema de outros protestos deste ano. Os atos realizados em Copacabana, em 16 de março, na avenida Paulista, em 6 de abril, e em Brasília, em 7 de maio, tiveram a anistia como bandeira. O último, na capital, foi o primeiro ato bolsonarista após a depredação em 8 de janeiro de 2023.

Anistia esfriou no Congresso. Nos primeiros meses do ano, deputados do PL tentaram pautar a urgência do projeto de lei da anistia e chegaram a anunciar obstrução para pressionar o presidente da Câmara. Mesmo assim, Hugo Motta (Republicanos-PB) não colocou a proposta em pauta. Os deputados agora negociam um novo texto.

O tema tem pouca adesão entre a população. Pesquisa Datafolha de abril mostrou que 56% são contra a anistia pelo 8 de Janeiro. Outros 37% responderam ser a favor, e 6% não sabem. Em dezembro de 2024, 62% eram contra e 33% a favor. A manifestação em Copacabana em março reuniu menos público do que o esperado - a expectativa era de pelo menos 500 mil pessoas, mas a estimativa foi de 18,3 mil.

Ato é tentativa de demonstrar força de Bolsonaro em meio ao avanço do julgamento. Ele está inelegível e tem chances de ser condenado por tentativa de golpe. Como o UOL mostrou, Bolsonaro adotou uma "postura institucional" ao ser interrogado por Alexandre de Moraes —o que desagradou a ala mais radical do PL. Agora, aliados prometem subir o tom contra as decisões do ministro do STF e reforçar a narrativa de suposta "perseguição política" contra o ex-presidente.