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Guerra assimétrica: Irã pode usar terrorismo e assassinatos como retaliação

Imagem de satélite mostra região de Fordow, no Irã, depois de bombardeio dos EUA à instalação nuclear subterrânea - 22.jun.2025-Maxar Technologies/Handout via Reuters
Imagem de satélite mostra região de Fordow, no Irã, depois de bombardeio dos EUA à instalação nuclear subterrânea Imagem: 22.jun.2025-Maxar Technologies/Handout via Reuters
do UOL

Colaboração para o UOL

24/06/2025 13h04

A recente ofensiva dos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas reacendeu temores sobre uma retaliação indireta de Teerã. Especialistas alertam que o país pode recorrer à chamada "guerra assimétrica", estratégia que inclui terrorismo, ciberataques e ações de grupos armados apoiados no exterior.

O que aconteceu

Após ataque dos EUA, Irã prometeu retaliação. O chanceler iraniano, Abbas Araghchi, afirmou nas redes sociais que "todas as opções estão sobre a mesa" e prometeu "consequências duradouras", conforme reportado pelo The Washington Post.

Principal forma de resposta pode ser a guerra assimétrica. Essa é uma estratégia usada por quem tem menor poder militar e aposta em ataques indiretos e de difícil rastreamento. O termo designa conflitos em que uma das partes possui inferioridade militar convencional e recorre a métodos não tradicionais para atingir objetivos estratégicos, evitando confrontos diretos.

Ataques cibernéticos. Há pelo menos quatro formas de resposta assimétrica que o Irã pode adotar, e ataques cibernéticos são uma delas. Segundo a Associated Press, autoridades dos Estados Unidos elevaram o nível de alerta diante da possibilidade de ofensivas digitais contra infraestrutura crítica, como redes de energia, transporte e serviços públicos.

Ações de grupos proxies. Os proxies são grupos armados que atuam como extensões indiretas de um Estado. Conforme a CBS News, existe a expectativa de que o Hezbollah, no Líbano, ou os Houthis, no Iêmen, sejam acionados para atacar interesses norte-americanos ou israelenses.

Atentados no exterior. Washington Post destaca o risco de ativação de células adormecidas na Europa ou nos Estados Unidos, com foco em alvos diplomáticos, militares ou civis.

Interferência no tráfego marítimo. Segundo reportagem do jornal The Australian, o Irã pode tentar bloquear o Estreito de Ormuz, rota responsável por cerca de 20% do transporte global de petróleo, como forma de pressão econômica.

Recurso acessível

Guerra assimétrica pode ser recurso mais acessível após Irã sofrer perdas militares. Matthew Levitt, diretor do programa de contraterrorismo do Washington Institute for Near East Policy, afirmou ao The Washington Post que esse tipo de resposta se torna "o último recurso mais facilmente acionável" quando o país tem sua capacidade bélica convencional debilitada.

Irã já fez isso antes. Após a morte de Qasem Soleimani, chefe da Força Quds da Guarda Revolucionária iraniana, em 2020, o Irã respondeu com ataques e complôs de assassinato contra autoridades dos EUA. Nos anos seguintes, os Estados Unidos relataram a descoberta de planos para matar ex-funcionários de alto escalão, como John Bolton, Mike Pompeo e o próprio Donald Trump, segundo documentos citados pelo Washington Post.

Resposta internacional

O Reino Unido já frustrou ao menos 20 complôs ligados ao Irã desde 2022. Em maio deste ano, sete iranianos foram presos no país, acusados de planejar um ataque à embaixada de Israel em Londres e de espionar a emissora Iran International, segundo a BBC.

Irã passou a usar intermediários e redes criminosas para atacar dissidentes no exterior, segundo a polícia britânica. Em 2023, o jornalista Pouria Zeraati, da Iran International, foi esfaqueado por agressores romenos em Londres. Segundo o Washington Post, o ataque teria sido coordenado por intermediários ligados ao serviço de inteligência iraniano.

Frente a esses cenários, países ocidentais reforçaram a segurança. Segundo a Reuters, o Pentágono elevou o nível de prontidão de suas bases no Oriente Médio. Na Europa, medidas de proteção a instalações diplomáticas e comunidades judaicas foram intensificadas. O Departamento de Segurança Interna dos EUA também emitiu alerta nacional, prevendo possíveis ações cibernéticas ou atentados de represália.