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Ataques a usinas do Irã podem ter gerado contaminação localizada, diz órgão

Complexo da Usina Nuclear de Fordow, no Irã, em 20 de junho (à esquerda), antes do ataque dos EUA, e em 22 de junho, após ataque. Análise das duas imagens em comparação com registros anteriores, de 2009, revelam que americanos atingiram dutos de ventilação - MAXAR TECHNOLOGIES/via REUTERS
Complexo da Usina Nuclear de Fordow, no Irã, em 20 de junho (à esquerda), antes do ataque dos EUA, e em 22 de junho, após ataque. Análise das duas imagens em comparação com registros anteriores, de 2009, revelam que americanos atingiram dutos de ventilação Imagem: MAXAR TECHNOLOGIES/via REUTERS
do UOL

Do UOL, em São Paulo

24/06/2025 16h18

A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) afirmou hoje que acredita ter ocorrido liberação localizada de elementos radioativos e químicos dentro das instalações nucleares iranianas atacadas pelos EUA e Israel nos últimos dias.

O que aconteceu

O diretor do órgão, Rafael Grossi, fala em ''contaminação localizada''. A Agência tem monitorado o impacto dos ataques militares nas usinas nucleares de Arak, Isfahan, Fordow e Natanz, com informações fornecidas pela Autoridade Reguladora Nuclear do Irã.

Apesar do possível vazamento radiológico e químico dentro das unidades, não houve aumento nos níveis de radiação fora delas. "Com base nos dados disponíveis, a AIEA pode garantir que não houve impacto radiológico na população e no meio ambiente dos países vizinhos'', declarou.

''Catástrofe radiológica'' não ocorreu porque reator de Bushehr não foi atingido. Em Fordow, Natanz e Isfahan, o urânio ainda estava sendo preparado para o reator. Nessa etapa, é pouco radioativo. ''Crucialmente, em termos de segurança nuclear, os reatores de pesquisa e energia do Irã não foram alvos'', falou Grossi.

Agência também identificou impactos adicionais gerados pelo ataque dos EUA no sábado. Em Fordow, estradas de acesso próximas à instalação subterrânea e uma de suas entradas foram atingidas. Em Natanz, dois buracos foram abertos acima das salas subterrâneas que eram usadas para enriquecimento e armazenamento.

Com base em seu conhecimento do conteúdo dessas salas, a AIEA avalia que esse impacto pode ter causado contaminação localizada e riscos químicos.
Agência Internacional de Energia Atômica, em comunicado

Oficialmente, Irã ainda não tem arma nuclear

Nos últimos meses, o país acelerou o ritmo de produção de suas reversas para enriquecer urânio a 60% de pureza. O nível é bastante próximo dos 90% necessários para produzir armas nucleares, destacou um relatório confidencial da Agência Internacional de Energia Atômica, consultado pela AFP em março.

O Irã afirma que seu programa nuclear é apenas para fins pacíficos, de uso de energia nuclear. Além disso, alega que estava no meio de uma negociação com os EUA para estabelecer acordos que garantissem o cumprimento do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares quando foi atacada por Israel.

Agência disse não ter provas de que o país estaria construindo uma bomba atômica. Grossi, no entanto, afirmou que não pode garantir ausência de atividades nucleares clandestinas. O Irã, por sua vez, acusou o órgão de agir ''politicamente motivado'' e dirigido por potências ocidentais.

Exército de Israel declarou que conseguiu retardar o programa nuclear iraniano com os ataques. O chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, Eyal Zamir, falou que o desenvolvimento nuclear do país foi adiado, mas não destruído. Por isso, a guerra contra o regime iraniano não acaba com o acordo de Trump que entrou em vigor hoje, de acordo com o militar.