Não é só o Irã: Israel 'esconde' seu arsenal nuclear e veta inspeções

Embora critique o programa nuclear do Irã, Israel também mantém sigilo sobre seu poderio bélico e impede que órgãos internacionais façam inspeções ao seu arsenal.
O que aconteceu
Apesar de não confirmar possui arma nuclear, Israel figura na seleta lista de nove países que possuem bomba atômica. O estado judeu está ao lado de Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido, Paquistão, Índia e Coreia do Norte como únicas potências nucleares do mundo.
Israel possui pelo menos 90 bombas nucleares já fabricadas, número que coloca o país na oitava posição do ranking global. Entretanto, estima-se que Tel Aviv tenha um estoque de material pronto para passar por fissão nuclear suficiente para produzir pelo menos 200 armas nucleares, segundo cálculos de organizações internacionais como a Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares (ICAN, na sigla em inglês).
Tel Aviv iniciou seu programa nuclear na década de 1950, pouco tempo após a formação de seu estado ao fim da Segunda Guerra Mundial. A primeira arma nuclear, porém, foi construída apenas na década de 1960. Oficialmente, o país nunca usou esse tipo de arma, embora o ministro do Patrimônio israelense, Amichai Eliyahu, tenha sugerido usar uma bomba atômica em Gaza, em meio à guerra contra o Hamas na Palestina.
Israel nunca assinou o (TNP) Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares e não admite que órgãos internacionais inspecionem seu arsenal. O tratado tem adesão de 190 países, à exceção de Israel, Sudão do Sul, Índia e Paquistão, além da Coreia do Norte, que deixou o TNP em 2003.
Historicamente, Israel age para impedir que países do Oriente Médio produzam armas nucleares. Foi sob essa justificativa que o país bombardeou o Irã, em 13 de junho, e deu início ao atual conflito que tem despertado temores de uma desestabilização ainda maior na região.
Tel Aviv afirma que Teerã estava próximo de obter uma bomba atômica, o que representaria um perigo a sua existência. Oficialmente, a República Islâmica nega possuir uma bomba atômica e alega que suas usinas nucleares são usadas apenas para fins civis, como a produção de energia, uso na área medicinal e na agricultura.
Ocidente acredita que a República Islâmica ou já possui ou está muito próxima de possuir armas nucleares potentes porque suas usinas são capazes de enriquecer urânio a um grau de pureza acima de 60%. Desde 2018, o Irã deixou de permitir que órgãos internacionais inspecionem suas usinas, após os EUA deixarem, unilateralmente, um acordo firmado em 2015 que havia restringido as atividades nucleares no país. Agora, o verdadeiro poderio bélico do Irã, assim como o de Israel, é uma incógnita.