Pentágono afirma que programa nuclear iraniano foi "devastado" e detalha a operação militar no país
Os ataques sem precedentes realizados pelos Estados Unidos contra o Irã neste domingo (22) "devastaram" o programa nuclear iraniano, avaliou o Pentágono, especificando que a ofensiva não visava uma mudança de "regime". Já Teerã acusa Washington de ter cruzado uma "linha vermelha".
O chefe do Pentágono declarou neste domingo que os ataques ordenados pelo presidente Donald Trump "devastaram" o programa nuclear do Irã, apelando aos líderes iranianos para seguirem o caminho da paz para evitar novos bombardeios.
"Devastamos o programa nuclear do Irã", declarou o secretário de Defesa, Pete Hegseth, em entrevista coletiva no Pentágono. Ele acrescentou que a operação "não teve como alvo tropas ou iranianos". Trump "busca a paz, e o Irã deve seguir esse caminho", reiterou Hegseth.
Os Estados Unidos realizaram um ataque "altamente bem-sucedido" a três instalações nucleares iranianas, incluindo o lançamento de uma "carga completa de bombas" na instalação de Fordo, anunciou o presidente americano Donald Trump na noite de sábado (21).
Neste domingo, o vice-presidente americano J.D. Vance disse que EUA "não estão em guerra contra o Irã". Ele acrescentou que os ataques dos EUA "atrasaram significativamente" o programa nuclear iraniano.
Conflito longo
Os Estados Unidos estão em desacordo com a República Islâmica do Irã há quase meio século, mas o conflito permaneceu disfarçado por tentativas de dar uma chance à diplomacia, muitas vezes com relutância. Com a ordem do presidente Donald Trump de atacar as instalações nucleares do Irã, os EUA, assim como Israel, trouxeram o conflito à tona, e as consequências são incertas.
"Só saberemos se foi bem-sucedido se conseguirmos passar os próximos três a cinco anos sem que o regime iraniano adquira armas nucleares", estima Kenneth Pollack, ex-analista da CIA e membro da direção do Instituto do Oriente Médio.
A inteligência americana não concluiu que o Irã estava construindo uma bomba nuclear.
Os avanços nucleares de Teerã eram amplamente vistos como uma forma de pressão, e o país pode ter tomado precauções a possíveis ataques.
Trita Parsi, crítico ferrenho da ação militar, acredita que Trump "tornou mais provável que o Irã se torne um Estado com armas nucleares nos próximos cinco a dez anos". "Devemos ter cuidado para não confundir sucesso tático com sucesso estratégico", disse Parsi, vice-presidente executivo do Quincy Institute for Responsible Statecraft.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, parabenizou Trump por criar um "ponto de virada histórico" que poderia "ajudar a conduzir o Oriente Médio" rumo à paz. Até agora, os Estados Unidos haviam se limitado a fornecer ajuda defensiva a Israel.
O Irã, que nega a construção de armas nucleares e defende o seu direito a um programa nuclear civil, retaliou a operação americana enviando drones e mísseis balísticos contra Israel, a maioria dos quais foram interceptados pelos sistemas de defesa israelenses.
Do lado iraniano, a guerra deixou mais de 400 mortos e 3.056 feridos, a maioria civis, segundo dados oficiais. Ataques de mísseis iranianos contra Israel mataram 25 pessoas, segundo autoridades israelenses.
A França anunciou que organizaria voos no domingo e na segunda-feira para repatriar cidadãos franceses de Israel.
(Com AFP)