Moradores retêm dezenas de soldados colombianos em área dominada por guerrilha
Pelo menos 57 soldados do Exército colombiano continuavam retidos por moradores de uma região do sudoeste do país dominada pela guerrilha, informou a instituição.
Um primeiro pelotão realizava uma operação em El Tambo, um município que faz parte da região conhecida como Cânion do Micay, quando civis os retiveram no sábado, segundo uma mensagem enviada a jornalistas.
No domingo (22), um novo grupo de militares foi cercado por pelo menos 200 moradores enquanto se dirigia para El Plateado, outro povoado da região.
"Como resultado dos dois incidentes, no total, quatro suboficiais e 53 soldados profissionais permanecem privados de sua liberdade", informou o Exército.
Esta prática é comum em regiões conflituosas da Colômbia. Para impedir o avanço das forças públicas, alguns grupos ilegais ordenam que civis realizem esse tipo de ação. Geralmente, são libertados horas depois, após a intervenção de entidades defensoras dos direitos humanos.
O general Alberto Mejía afirmou em um vídeo que se trata de um "sequestro" por parte de guerrilheiros "infiltrados" na comunidade.
O Exército afirma que os moradores recebem ordens do Estado-Maior Central (EMC), a principal dissidência das extintas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que não assinou o acordo de paz com o governo em 2016.
O presidente Gustavo Petro pediu aos moradores que "deixem de acreditar em atores armados que obedecem a estrangeiros", uma referência aos supostos vínculos dos guerrilheiros com cartéis mexicanos.
"Nós queremos generalizar a paz, mas libertar os soldados, que são seus próprios filhos, é imperativo", escreveu o presidente de esquerda na rede social X.
Há meses, o presidente tenta fazer com que as Forças Armadas consigam ingressar em todo o Cânion de Micay, um reduto utilizado para a produção de cocaína.
Nessa mesma área, 29 militares e policiais foram retidos por moradores em março. Todos foram libertados dois dias depois.
A Colômbia vive sua pior crise de segurança na última década. Petro tentou negociar a paz com o EMC, mas seu principal líder, "Iván Mordisco", abandonou os diálogos.
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© Agence France-Presse