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Libertação de líder da oposição em Belarus, Sergei Tikhanovskiy, é símbolo de esperança destaca UE

21/06/2025 13h35

Sergei Tikhanovskiy, marido da figura de oposição bielorrussa exilada, Svetlana Tikhanovskaya, foi libertado da prisão neste sábado (21), juntamente com outras 13 pessoas vítimas da repressão após as eleições presidenciais de 2020 em Belarus, país governado por Alexander Lukashenko há mais de 30 anos. A Comissão Europeia comemorou a libertação do líder da oposição bielorrussa.

Há cinco anos, Tikhanovskiy esteve no centro do principal movimento de protesto contra a reeleição de Lukashenko, mas as manifestações foram reprimidos violentamente. 

"Sergei Tikhanovskiy foi perdoado. Outras 13 pessoas também foram libertadas", afirmou a ONG bielorrussa de direitos humanos Viasna, ela própria perseguida pelo governo, em mensagem no Telegram.

A ativista da oposição Svetlana Tikhanovskaya publicou um vídeo em que aparece dando um longo abraço em um homem de cabeça raspada que a beijou no pescoço.

Em seguida, ela compartilhou uma mensagem no X, agradecendo ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e "nossos aliados europeus" por "todos os seus esforços". "É difícil descrever a alegria em meu coração", afirmou ela. "Ainda não é o fim, pois 1.150 presos políticos continuam atrás das grades. Todos eles precisam ser libertados", acrescentou.

"Ele está comigo, com as crianças. Nossa família sonha com isso há cinco anos e todos nós trabalhamos por isso, desde o momento de sua prisão", acrescentou Svetlana Tikhanovskaya no Telegram.

A libertação do líder da oposição foi descrita como "uma notícia fantástica" e um "símbolo de esperança" para todos os presos políticos em Belarus, de acordo com as palavras da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que reiterou seu apelo pela "libertação imediata deles".

Casal na oposição

O líder da oposição Tikhanovskiy, de 46 anos, foi preso em maio de 2020, pouco antes das eleições presidenciais de agosto, marcadas por protestos históricos da oposição, seguidos por uma grande repressão ordenada pelo presidente Alexander Lukashenko.

Blogueiro, ele administrava um canal popular no YouTube e queria desafiar Lukashenko, no poder desde 1994, nas eleições presidenciais.

Após sua prisão, sua esposa, Svetlana Tikhanovskaya, que não tinha experiência política na época, assumiu o cargo e mobilizou multidões durante a campanha eleitoral.

Porém, Lukashenko venceu a eleição, oficialmente com 80% dos votos. Dezenas de milhares de pessoas protestaram durante semanas contra sua reeleição, denunciando fraudes em massa.

As autoridades reprimiram o movimento com milhares de prisões, tortura e centenas de longas penas de prisão.

Tikhanovskaya foi forçada ao exílio sob pressão das autoridades. Desde então, ela lidera a oposição, que fugiu da repressão, no exterior.

De acordo com a ONG Viasna, os 14 presos políticos libertados no sábado incluem um jornalista da Rádio Free Europe, um professor universitário, um cidadão sueco-bielorrusso, um empresário e um ativista anarquista. 

Em 2021, Tikhanovskiy foi condenado a 18 anos de prisão por "organizar motins" e "incitar o ódio", seguidos de mais 18 meses por "insubordinação".

Ele foi detido sob condições muito rigorosas, com pouquíssimo contato com o mundo exterior.

Em março de 2024, sua esposa afirmou não ter notícias dele há mais de um ano.

A ONG Viasna publicou imagens após a libertação.

Na rede X, o ministro das Relações Exteriores da Lituânia, país que faz fronteira com Belarus e abriga de muitas figuras da oposição bielorrussa no exílio, incluindo  Tikhanovskiy, indicou que as 14 pessoas libertadas estavam em território lituano. "O papel dos Estados Unidos nesta libertação foi crucial", acrescentou o ministro lituano Kestutis Budrys.

O ministro das Relações Exteriores polonês, Radoslaw Sikorski, agradeceu ao enviado dos EUA, Keith Kellogg.

Desde seu retorno ao poder, o governo do presidente americano Donald Trump se aproximou da Rússia, principal aliada de Belarus, cujo território serviu de base para as tropas russas atacarem a Ucrânia em 2022 e sujeito a inúmeras sanções ocidentais.

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, comemorou a libertação do líder da oposição bielorrussa, Sergei Tikhanovskiy, e pediu que "não se esqueçam" dos muitos outros presos políticos. "É uma notícia fantástica que ele finalmente esteja livre", escreveu ele na rede social X.

(Com AFP)