Israel afirma que matou três comandantes do Irã no nono dia de guerra
Israel afirmou que matou três comandantes da Guarda Revolucionária iraniana e que bombardeou uma instalação nuclear em Isfahan, no centro do Irã, neste sábado(21), nono dia da guerra entre os dois países inimigos.
Enquanto a comunidade internacional chama à desescalada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, advertiu na sexta-feira que o Irã tem no "máximo" duas semanas para evitar possíveis bombardeios de Washington.
Israel afirmou que a "campanha" militar contra o Irã será "longa", e seu chanceler, Gideon Sa'ar, considerou que a guerra "atrasou o desenvolvimento de uma bomba atômica pelo Irã em pelo menos dois ou três anos".
Israel lançou uma ampla campanha contra o Irã em 13 de junho para impedir que seu arqui-inimigo produzisse uma bomba atômica, um objetivo que Teerã nega.
Ataques israelenses atingiram centenas de instalações militares e nucleares na República Islâmica, tirando a vida de oficiais de alta patente e cientistas envolvidos no programa nuclear iraniano.
O Irã respondeu com lançamentos de mísseis e drones em direção a Israel.
Segundo o último balanço do Ministério da Saúde iraniano, divulgados neste sábado, mais de 400 pessoas morreram e mais de 3.000 ficaram feridas desde o início da guerra. Ataques de retaliação iranianos teriam deixado pelo menos 25 mortos em Israel, segundo autoridades israelenses.
Neste sábado, o Exército israelense anunciou que matou, em um ataque noturno, Said Izadi, comandante da Guarda Revolucionária responsável pela coordenação com "a organização terrorista Hamas", movimento palestino com o qual Israel está em guerra em Gaza.
Também anunciou ter matado outros dois comandantes da Guarda Revolucionária, o exército ideológico de Teerã: Aminpour Joudaki, que supostamente comandou "centenas" de ataques com drones contra Israel, segundo a fonte, e Behnam Shahriyari, comandante da Força Quds.
Além disso, quatro combatentes da Guarda Revolucionária foram mortos em um ataque a um centro de treinamento em Tabriz, no noroeste do país, informou a agência de notícias Isna.
- "Fiquei assustado" -
Israel também bombardeou "dois locais de produção de centrífugas" na instalação iraniana de Isfahan, no centro do país, na "segunda onda de ataques" contra o local desde o início da guerra, disse uma fonte militar, que pediu anonimato.
Israel também atacou a cidade sagrada xiita de Qom, ao sul de Teerã, onde um adolescente foi morto, segundo a agência de notícias oficial Irna.
O jornal iraniano Sharagh noticiou neste sábado "poderosas explosões" no sudoeste do país, onde o Exército israelense havia anunciado bombardeios contra "infraestruturas militares".
No Hospital Rasul Akram, em Teerã, médicos atendiam feridos nos bombardeios.
"Trabalho como entregador. Estava entregando comida de moto quando, de repente, houve uma explosão na minha frente. Vi sangue jorrando da minha cabeça, fiquei assustado e comecei a gritar. Um voluntário me trouxe aqui", disse Shahram, de 33 anos.
Na manhã deste sábado, havia tráfego intenso em algumas entradas de Teerã devido ao retorno de iranianos à capital, segundo a Fars.
A Guarda Revolucionária anunciou neste sábado que havia lançado "operações combinadas" durante a noite contra o território israelense.
Um edifício residencial no Vale de Beit Shean, no norte de Israel, foi atingido por um drone, informaram os serviços de resgate, mas não houve vítimas.
-Duas semanas -
Após se reunir com seus colegas alemão, francês e britânico em Genebra na sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, declarou que seu país não retomará as negociações nucleares com os Estados Unidos até que os bombardeios israelenses cessem.
Em entrevista ao canal americano NBC, Araqchi afirmou que o Irã "não tem certeza" de que pode confiar nos Estados Unidos.
Neste sábado, o presidente francês Emmanuel Macron afirmou que os europeus "acelerariam as negociações" com o Irã para "sair da guerra", após um telefonema com seu homólogo iraniano, Massoud Pezeshkian.
No entanto, no dia anterior, Trump havia dito que "o Irã não quer conversar com a Europa" e que "a Europa não poderá ajudar".
O ministro das Relações Exteriores turco, Hakan Fidan, acusou Israel neste sábado de arrastar a região para um "desastre total".
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