Com novo sócio, rede de sorveteria sai de 1 para 27 lojas e fatura R$ 25 mi

Por cinco anos, a Duo Gelatto era apenas uma loja, fabricando o sorvete no próprio espaço, em Goiânia (GO). A empresa era tocada por Rafael Borges. Até que em 2022, Anderson Pacheco entrou no negócio, abriu uma segunda unidade, ampliou a produção e formatou o modelo para franquias. Hoje, a rede tem 27 unidades e faturou R$ 25 milhões em 2024.
Meta é expandir em Goiás e entorno
Até o final de 2025, a meta é chegar a 50 lojas. Inicialmente, a empresa quer abrir franquias nas principais cidades de Goiás, além do Tocantins. "A partir desse marco, iniciaremos a expansão para outros estados, priorizando as regiões mais próximas, como no entorno de Brasília e cidades de Minas e São Paulo perto da divisa com o nosso estado", diz Pacheco, 43.
Expandir para o Sudeste requer uma logística bem mais arrojada. Por isso, a ideia é expandir por meio de master franqueados, que ficariam responsáveis por toda a logística de distribuição dos sorvetes nos estados.
Anderson Pacheco, sócio diretor da Duo Gelatto
Empresa tem logística própria de distribuição. "Queremos estar presentes com suporte total aos nossos franqueados, e é importante que as lojas estejam perto neste início", diz.
Apenas 3 caminhões refrigerados. Para Pacheco, três caminhões refrigerados são suficientes para a logística da empresa. "A conta é feita em quantas toneladas um caminhão desse porte consegue fazer em um mês. Hoje, essa conta está em 30 toneladas. Portanto, três caminhões podem fazer 90 toneladas de transporte por mês com as rotas que temos hoje", declara.
Franquia a partir de R$ 300 mil
A rede tem 27 unidades. Destas, duas são próprias (as lojas originais, de Borges e de Pacheco). As demais são franquias e estão em cidades do Goiás, com exceção de uma loja em São José do Rio Preto (SP). A empresa vende seus produtos em outros cem pontos de venda.
Franquia da marca custa de R$ 300 mil a R$ 700 mil. São dois modelos de lojas de rua: standard (espaço para 50 pessoas) e premium (para 100 pessoas e ainda serviços extras, como brinquedoteca).
Em 2024, o faturamento da rede foi de R$ 25 milhões. O lucro não foi revelado.
Empresa lançou "sorvetone"
São 48 sabores de sorvete no cardápio. Tem ainda picolés, açaí e creme de cupuaçu, mais de 70 opções de toppings (ingredientes adicionais, como confeitos, caldas e nozes). A empresa vende sorvete e açaí em potes de 1 litro, 1,5 litro, 5 litros e 10 litros.
Sorvetes são o carro-chefe. "Mas o açaí é um produto fortíssimo também. Só ele representa 35% do faturamento da empresa", diz Pacheco.
Sorvetone no Natal. Em 2024, a marca lançou no Natal o "sorvetone" (chocotone recheado com sorvete), produzido em escala industrial. O produto entrou no cardápio sazonal: só será vendido no fim de ano.
Sócios eram clientes um do outro
Antes de abrir a Duo Gelatto, Borges teve uma loja de açaí. A Açaí Expresso foi aberta em 2011, em Goiânia. Em 2017, ele fechou o negócio e abriu no mesmo espaço a Duo Gelatto. Em 2019, Borges, 38, mudou essa loja da Duo Gelatto para outro bairro da cidade e construiu uma fábrica de sorvetes no local.
Pacheco virou freguês. Pacheco é dono da Energius Group, uma empresa de energia solar, e, na época, Borges negociava com ele a implantação de um sistema fotovoltaico na sorveteria. Foi quando Pacheco conheceu a Duo Gelatto e virou freguês.
Como ele entrou no negócio. "Em conversas, descobri que o faturamento mensal era muito bom para uma sorveteria. Ele vendia uma média de R$ 100 mil por mês. Eu me interessei pelo negócio e decidi virar um sócio investidor em janeiro de 2022", diz. Investiu R$ 600 mil para comprar 50% de participação acionária da empresa. No mesmo ano, abriu uma unidade em Aparecida de Goiânia (GO).
Em 2022, a empresa mudou a fábrica de lugar e ampliou a capacidade. A fábrica saiu de Goiânia e foi instalada ao lado da loja de Pacheco, em Aparecida de Goiânia. O investimento foi de R$ 500 mil. A capacidade produtiva mensal passou de 10 toneladas para 150 toneladas de sorvetes. "A fábrica produz hoje 60 toneladas por mês. Ou seja, temos muito espaço para crescer", diz.
Na época, a loja do Rafael era uma estrutura de bairro. Quando planejamos essa segunda unidade, já pensamos em um modelo para poder franquear depois. Trabalhamos o branding da marca.
Anderson Pacheco, sócio diretor da Duo Gelatto
Atenção à logística de distribuição
Empresa atua em um segmento em alta. Anderson Santos, consultor de negócios do Sebrae-SP, diz que o segmento de sorvetes está sempre em alta, mas tem se reinventado ao longo do tempo. "O mercado já teve algumas ondas de sorvetes, como a do milk shakes, das paletas mexicanas e dos gelatos, mas é uma sobremesa que não sai de moda, principalmente em um país tropical como o Brasil", afirma.
Negócio tem boa oportunidade. Santos diz que pesquisas mostram que o crescimento médio do setor é de 3,9% ao ano. Pesquisa da Associação Brasileira do Sorvete e Outros Gelados Comestíveis (Abrasorvete) mostrou que, no Brasil, o consumo médio de sorvetes é de 9,1 litros por ano.
Busca por produtos mais saudáveis é tendência. Por isso, segundo o consultor, a empresa deve apostar cada vez mais em frutas, em vez de produtos artificiais na produção dos sorvetes. "O consumidor, principalmente os jovens, buscam hábitos mais saudáveis, e a indústria de sorvete está preocupada em trazer essa saudabilidade", declara.
Atenção ao custo da logística. Para o consultor, ao ter sua própria logística de distribuição dos produtos, mesmo que pequena, a empresa deve se atentar aos custos disso, para não encarecer o preço do sorvete para o consumidor. "O custo de transporte não agrega valor ao produto; só agrega custo. É preciso ter certo critério nessa rota de distribuição dos sorvetes nas lojas, para não onerar tanto o produto nem comprometer sua margem de lucro", afirma.
Carga refrigerada requer cuidado. Afinal, diz o consultor, sorvete é um produto perecível e sensível ao calor. "Ter uma frota de apenas três caminhões refrigerados é um risco, pois qualquer imprevisto pode impactar na logística de distribuição", diz. Para ele, o ideal é que a empresa tenha um centro de distribuição estratégico, para poder suportar uma possível explosão da demanda.
Focar na experiência de consumo no ponto de venda. "Além de produtos com ótima qualidade, o cliente quer ter na sorveteria uma boa experiência, com ambientes agradáveis, espaços instagramáveis, disponibilidade do wi-fi, conforto e segurança."
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