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ONU: violência contra 41 mil crianças em conflitos 'deveria tirar nosso sono'

Homem chora abraçado a corpo de criança morta em ataque israelense na Faixa de Gaza - Eyad BABA / AFP
Homem chora abraçado a corpo de criança morta em ataque israelense na Faixa de Gaza Imagem: Eyad BABA / AFP

20/06/2025 08h49

A violência contra crianças em zonas de conflito atingiu níveis inéditos em 2024, segundo um relatório anual divulgado nesta quinta-feira (19) pela ONU. O documento aponta um aumento de 25% de casos graves em relação a 2023. No total, foram registradas 41.370 violações. Este é o maior número desde que o monitoramento foi iniciado, há quase 30 anos. 

A violência contra crianças em zonas de conflito atingiu níveis inéditos em 2024, segundo um relatório anual divulgado nesta quinta-feira (19) pela ONU. O documento aponta um aumento de 25% de casos graves em relação a 2023. No total, foram registradas 41.370 violações. Este é o maior número desde que o monitoramento foi iniciado, há quase 30 anos.

De acordo com o documento, pelo menos 4.500 crianças morreram e mais de 7.000 ficaram feridas. Outras 22.495 sofreram vários tipos de violência. "Essas crianças, que deveriam estar aprendendo a ler ou jogando bola, foram forçadas a sobreviver a tiros e bombardeios. Isso deveria tirar nosso sono", disse Virginia Gamba, representante especial da ONU para o tema.

O relatório inclui uma "lista da vergonha" com os responsáveis por assassinatos, mutilações, recrutamento forçado, sequestros, violência sexual e bloqueio de ajuda humanitária a menores de 18 anos.

Os territórios palestinos lideram a lista, com ao menos 8.500 violações graves, 4.800 em Gaza, atribuídas principalmente às forças israelenses. Segundo a ONU, 1.259 crianças palestinas foram mortas em Gaza em 2024. Outras 4.470 mortes ainda estão sendo verificadas.

O relatório também questiona ações de Israel no Líbano, onde mais de 500 crianças foram mortas ou feridas no ano passado. As forças armadas e de segurança de Israel e o grupo palestino Hamas já haviam sido incluídos na lista em 2023 e continuam sendo citados no relatório.

Outras regiões críticas

Depois dos territórios palestinos, os países com mais violações contra crianças em 2024 foram a República Democrática do Congo, com mais de 4.000 casos, a Somália, com mais de 2.500, a Nigéria, com quase 2.500 e o Haiti, com mais de 2.200 ocorrências.

No Haiti, as violações aumentaram 490% em um ano. A coalizão de gangues "Viv Ansanm" foi incluída na lista por recrutamento de crianças, assassinatos e estupros coletivos. O grupo surgiu da fusão de facções rivais e forçou a renúncia do primeiro-ministro Ariel Henry na primavera de 2024.

Na Colômbia, o Clã do Golfo, principal quadrilha de narcotráfico do país, também entrou na lista. O número de crianças recrutadas subiu de 262 em 2023 para 450 em 2024.

O Exército russo foi citado por ações na Ucrânia, onde as violações aumentaram 105% em um ano. No Sudão, o Exército e as Forças de Apoio Rápido, envolvidas em guerra civil há mais de dois anos, também foram responsabilizados.

Com informações da AFP