Irã pede fim de ataques israelenses antes de qualquer negociação diplomática
Milhares de pessoas manifestaram contra Israel em Teerã nesta sexta-feira (20), segundo imagens divulgadas pela televisão local. Os protestos acontecem em momento em que representantes da comunidade internacional tentam encontrar uma solução para a crise durante cúpula em Genebra. Chanceler iraniano pede uma interrupção imediata dos ataques antes de qualquer tipo de negociação.
As imagens divulgadas pela televisão iraniana durante a tarde mostraram manifestantes nas ruas de Teerã segurando retratos de comandantes mortos desde o início da guerra com Israel, enquanto outros agitavam bandeiras do Hezbollah iraniano e libanês. De acordo com a imprensa local, outras manifestações ocorreram em várias cidades do país, incluindo Tabriz, no noroeste do Irã, e Shiraz, no sul.
Os protestos acontecem no momento em que ministros das Relações Exteriores das potências europeias estavam reunidos em Genebra com representantes de Teerã em busca de uma saída diplomática para a guerra entre Israel e a República Islâmica, à qual o governo dos Estados Unidos cogita se juntar.
Os ministros da Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, da França, Jean-Noël Barrot, e do Reino Unido, David Lammy, bem como a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, pediram ao Irã que negocie "sem esperar que os ataques israelenses parem". Durante a reunião com o chanceler iraniano, Abbas Araghchi, os representantes de Berlim, Paris e Londres também insistiram para que Teerã "continue suas discussões com Washington" sobre seu programa nuclear, segundo informou Jean-Noël Barrot.
No entanto, o Irã está pronto para "considerar" um retorno à diplomacia apenas "uma vez que a agressão israelense" tenha sido "interrompida", respondeu o chanceler iraniano. "Somos a favor da continuidade das discussões com o E3 (Alemanha, França e Reino Unido) e com a União Europeia", disse Abbas Araghchi a jornalistas após sua reunião de Genebra.
Europeus otimistas
"O resultado positivo de hoje é que estamos saindo da sala com a sensação de que o Irã está fundamentalmente pronto para continuar a discutir todas as questões que são importantes para nós, europeus", disse o ministro alemão Johann Wadephul.
Por sua vez, o ministro britânico das Relações Exteriores, David Lammy, declarou que os europeus estavam "interessados em continuar as discussões e negociações em andamento com o Irã". Já o ministro das Relações Exteriores da França disse que não poderia haver "nenhuma solução militar definitiva para a questão nuclear iraniana".
Os Estados Unidos e o Irã haviam iniciado várias rodadas de negociações, que foram brutalmente interrompidas em 13 de junho, quando Israel lançou um ataque aéreo maciço contra o território iraniano, tendo como alvo seu programa nuclear. A ofensiva provocou uma resposta imediata de Teerã. Desde então, houve uma sucessão de ataques israelenses contra o Irã e lançamentos de mísseis iranianos contra o território israelense.
Nesse oitavo dia de guerra, as sirenes de alerta foram acionadas no sul de Israel após novos disparos de mísseis iranianos. Por sua vez, o Exército israelense anunciou que bombardeou dezenas de alvos em Teerã. Israel, potência atômica não oficial, alega que o Irã está prestes a conseguir uma arma nuclear, uma acusação negada pelos iranianos.
(Com agências)