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Tensão no Oriente Médio: EUA monitoram Irã e Trump adia decisão sobre ataque

19/06/2025 07h32

De acordo com o jornal The Wall Street Journal, o presidente americano Donald Trump teria adiado uma ordem final de ataque para observar se o Irã recua e desiste de seu programa nuclear. Trump tem adotado uma postura ambígua diante da guerra entre Israel e Irã. Quando questionado se pretende entrar no conflito ou se seu objetivo é mudar o regime dos aiatolás, o presidente responde com outra pergunta ou de forma vaga: talvez sim, talvez não.

De acordo com o jornal The Wall Street Journal, o presidente americano Donald Trump teria adiado uma ordem final de ataque para observar se o Irã recua e desiste de seu programa nuclear. Trump tem adotado uma postura ambígua diante da guerra entre Israel e Irã. Quando questionado se pretende entrar no conflito ou se seu objetivo é mudar o regime dos aiatolás, o presidente responde com outra pergunta ou de forma vaga: talvez sim, talvez não.

Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York

Na tarde desta quarta-feira (18), segundo um funcionário da Casa Branca, terminou a reunião do presidente na Situation Room, a sala de crise da presidência americana. O funcionário não informou o horário de início nem a duração do encontro.

Segundo fontes ouvidas pelo Wall Street Journal, Trump disse a assessores próximos, ainda na noite de terça-feira, que aprovava os planos de ataque ao Irã, mas decidiu esperar para ver se Teerã abandonaria o programa nuclear.

Um dos possíveis alvos dos Estados Unidos seria a instalação de enriquecimento de urânio de Fordow, altamente protegida. O local é enterrado sob uma montanha e, segundo especialistas militares, só poderia ser atingido por bombas de altíssimo poder de destruição.

Questionado se já havia tomado a decisão de atacar as instalações nucleares iranianas, Trump respondeu: "Talvez eu faça isso, talvez não." E voltou a insistir na exigência de rendição incondicional por parte do Irã: "A próxima semana será decisiva ? talvez nem demore tanto." 

Irã promete retaliação, caso os EUA entrem no conflito

O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, afirmou que o país não vai se render e advertiu que qualquer intervenção militar dos EUA traria consequências irreparáveis.

Mas, ao mesmo tempo, Trump afirmou que havia sinais de que os iranianos estariam abertos ao diálogo. Um indício disso seria o pouso de um avião oficial do Irã em Omã ? país que já sediou negociações anteriores com o enviado especial da Casa Branca, Steve Witkoff, antes do ataque israelense.

Apesar disso, o clima é de forte tensão. Tanto o presidente americano quanto o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, chegaram a mencionar a possibilidade de assassinar o aiatolá Khamenei. Trump chegou a dizer que o líder iraniano seria "um alvo fácil".

O vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, Majid Takht-Ravanchi, afirmou à CNN que, se os Estados Unidos decidirem se juntar a Israel no ataque, o Irã vai retaliar onde puder. Ele comparou a situação atual com a guerra brutal que o Irã enfrentou contra o Iraque nos anos 1980. Segundo ele, o país vai agir em legítima defesa e está preparado para resistir a longo prazo.

Takht-Ravanchi também declarou que o ataque surpresa de Israel na última sexta-feira ? que aconteceu pouco antes de uma nova rodada de negociações nucleares com os Estados Unidos ? foi uma traição à confiança do Irã. E deixou claro que, com as cidades iranianas sob bombardeio, não há espaço para conversas: o Irã não vai negociar sob ameaças.

Segundo ele, o país já resistiu por oito anos contra o regime de Saddam Hussein e agora está pronto para resistir novamente ? desta vez contra Israel, que conta com o apoio dos Estados Unidos.

EUA começam a retirar seu pessoal da embaixada em Israel

A Embaixada dos Estados Unidos em Israel está organizando voos de evacuação e partidas de navios de cruzeiro para cidadãos americanos que desejam deixar o país.

O embaixador Mike Huckabee confirmou que essa medida foi tomada diante do aumento das tensões e do risco de escalada militar entre Irã e Israel.

A Embaixada recomenda que os americanos se inscrevam no Programa de Inscrição de Viajante Inteligente (STEP) para receber atualizações e orientações.

Entrada na guerra divide Republicanos

Ao contrário do esperado, o debate sobre uma possível guerra contra o Irã dividiu os parlamentares republicanos. Entre eles, há uma divisão clara: parte apoia uma postura mais agressiva, enquanto outra parte acredita que Trump evitará envolvimento militar no Oriente Médio.

O secretário de Defesa, Pete Hegseth, disse que o Departamento de Defesa está preparado para todas as opções, mas evitou comentar diretamente sobre ataques ao Irã. Ele afirmou que respeitaria decisões da Suprema Corte sobre o uso das tropas dentro dos EUA, apesar de discordar de decisões judiciais que definem políticas de segurança nacional.

Há uma década, Donald Trump conquistou os conservadores com a promessa de tirar os Estados Unidos de conflitos no exterior e sempre colocar "América em primeiro lugar".

Agora, ao considerar o uso de aviões e armamentos americanos nos ataques de Israel contra o Irã, o Partido Republicano está dividido sobre o que essa frase realmente significa. Parte da base de Trump, incluindo figuras como a deputada Marjorie Taylor Greene, critica a ideia de intervenção, afirmando que se envolver no conflito contraria a promessa de evitar guerras externas.