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Quase 200 brasileiros vivem no Irã; Itamaraty não informa sobre repatriação

17.jun.2025 - Fumaça sobe perto de uma refinaria de petróleo em Teerã, no Irã, após um ataque israelense, no quinto dia de confronto entre os dois países - Atta Kenare/AFP
17.jun.2025 - Fumaça sobe perto de uma refinaria de petróleo em Teerã, no Irã, após um ataque israelense, no quinto dia de confronto entre os dois países Imagem: Atta Kenare/AFP
do UOL

Do UOL, em São Paulo

19/06/2025 16h22Atualizada em 19/06/2025 16h22

Cerca de 190 brasileiros vivem atualmente no Irã, segundo afirmou hoje o Itamaraty. O país entrou no sétimo dia de guerra com Israel, que já matou ao menos 585 pessoas no território persa e 24 no israelense.

O que aconteceu

Embaixada em Teerã "monitora de perto" a situação dos brasileiros, segundo nota do Ministério das Relações Exteriores. Questionada sobre quantos deles já manifestaram a intenção de retornar ao Brasil e se há algum plano de repatriação em curso, a pasta não respondeu.

Grupo espera por ações da embaixada do Brasil para sair do Irã, afirmou a BBC. Em entrevista ao veículo britânico, o encarregado de negócios da embaixada brasileira em Teerã, Felipe Flores Pinto, disse que cerca de dez brasileiros entraram em contato com o órgão para pedir repatriação. Segundo ele, no grupo há atletas, treinadores e turistas.

"Estamos avaliando a possibilidade de levá-los até alguma fronteira", afirmou representante brasileiro da embaixada. De acordo com ele, o órgão está orçando meios de transporte para o deslocamento do grupo. "É um deslocamento longo. (...) Neste momento, a opção mais viável seria sair pela fronteira do Azerbaijão", acrescentou.

Brasileiros relatam tensão durante espera por ajuda no Irã. Um deles é Antônio Guerra Peixe, que chegou ao país em abril para ajudar a treinar a federação adulta de handebol de areia iraniana sem imaginar que, pouco depois, seria surpreendido pelo ataque de Israel. "Estávamos no aeroporto de Teerã, prontos para embarcar, quando escutei uma explosão meio longe. (...) Começou um certo alvoroço no saguão e depois o nosso voo foi cancelado. Desse momento até agora foi só ladeira abaixo", relatou à BBC.

Falo com a embaixada brasileira diariamente, eles estão sendo muito gentis e solícitos, mas cada dia sinto que está mais arriscado ficar aqui. Está demorando muito para que a gente seja retirado. Antônio Guerra Peixe, em entrevista à BBC

Questionado em diferentes ocasiões, Itamaraty não respondeu sobre plano para repatriação de brasileiros no Irã. Em nota enviada ontem ao UOL, o ministério informou apenas que permanece em contato com a comunidade brasileira no Irã e que atualizou na semana passada um alerta consular para o Oriente Médio, com recomendações aos brasileiros na região.

Itamaraty recomendou que brasileiros evitem viajar para Irã, Israel e outras regiões do Oriente Médio, como Iraque, Jordânia, Líbano, Palestina e Síria. No caso dos brasileiros que já estão nesses países, há outras recomendações. Entre elas, estão: sair de casa apenas se houver condição de segurança; evitar multidões; monitorar a mídia local; manter a documentações de viagem em dia.

Autoridades brasileiras em Israel

Plano para evacuar 27 autoridades brasileiras de Israel por terra deu certo, segundo Itamaraty. A convite do governo israelense, duas comitivas de brasileiros viajaram ao país em junho, mesmo com um alerta consular emitido pela Embaixada do Brasil em Tel Aviv. Com o início dos ataques e o fechamento do espaço aéreo israelense, as autoridades ficaram presas no país e conseguiram sair pela Jordânia. O desembarque no Brasil deve ser nesta quarta-feira.

Governo israelense propõe a mesma estratégia para retirar o restante dos brasileiros. Para as demais autoridades convidadas que permanecem em Israel, foi proposta a evacuação por terra até a Jordânia, para que depois embarquem em voos comerciais jordanianos de retorno ao Brasil. "A Embaixada do Brasil em Tel Aviv permanece em coordenação com as autoridades israelenses para possibilitar novas operações de retorno dos brasileiros", diz o comunicado.

No início da semana, foi revelado esquema de golpistas que ofereciam lugares em voos para deixar Israel. A embaixada do Brasil em Tel Aviv tomou conhecimento sobre o caso e relembrou que o espaço aéreo israelense permanece fechado, sem previsão de reabertura.