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Irã atinge hospital de Israel após ataque a instalações nucleares iranianas

do UOL

Do UOL*, em São Paulo

19/06/2025 02h06Atualizada em 19/06/2025 13h18

Mísseis iranianos atingiram hoje o principal hospital do sul de Israel e outros locais, incluindo a capital Tel Aviv, deixando ao menos 47 feridos em todo o país. A ofensiva acontece após o governo de Benjamin Netanyahu anunciar que atingiu instalações nucleares no país persa.

O que aconteceu

Ministério das Relações Exteriores de Israel diz que o hospital Soroka, na cidade de Bershebá, sofreu ataque direto. Segundo o ministério da Saúde israelense, 71 pessoas ficaram levemente feridas, e uma foi encaminhada como vítima de pânico. Em todo o país, 271 pessoas buscaram atendimento, quatro delas em estado grave.

Como resultado do bombardeio no hospital, 71 pessoas ficaram levemente feridas e uma foi encaminhada para atendimento como vítima de pânico, disse o Ministério de Saúde israelense, em sua conta no X. Além disso, 271 pessoas chegaram a hospitais israelenses após os ataques iranianos nesta manhã - quatro delas em estado grave.

"Cobraremos o preço integral dos tiranos de Teerã", reagiu Benjamin Netanyahu. Com essa mensagem nas redes sociais, o premiê israelense afirmou que haverá retaliação.

Irã diz ter mirado centro de inteligência israelense "perto de um hospital". "Nessa operação, o centro de comando e inteligência do governo israelense foi o alvo de um ataque preciso perto de um hospital", disse a Guarda Revolucionária iraniana à agência de notícias estatal Irna.

Durante a noite, Israel disse ter atingido um reator nuclear no Irã inativo. O país fez ataques mirando instalações nucleares nas cidades de Natanz e Arak. Em comunicado, o exército israelense afirmou que o reator nuclear de Arak era "componente chave na produção de plutônio", que poderia ser usado para construção de armas nucleares. O reator já havia sido modificado para evitar o uso em 2015, quando houve o acordo nuclear com os Estados Unidos.

Irã confirmou o ataque e disse que não há relatos de ameaça de radiação. Segundo o país, os dois projéteis atingiram uma área próxima à instalação nuclear, que já havia sido evacuada.

Números de mortos

Até ontem, 585 mortes foram registradas no lado iraniano e 24 no lado israelense. No Irã, os números incluem os comandantes da Guarda Revolucionária e do Estado-Maior do Exército, além de nove cientistas do programa nuclear. Os dados são da ONG americana Human Rights Activists.

Irã está offline há 12 horas, segundo o órgão de monitoramento Netblocks. Desde a semana passada, o país está impondo restrições à rede de internet devido ao "uso indevido da rede de comunicação do país para fins militares" por Israel. A mídia iraniana diz que Israel teria hackeado brevemente a transmissão da televisão estatal, exibindo imagens de protestos de mulheres e convocando a população para sair às ruas.

Por que Israel e Irã se atacam?

Israel bombardeou o Irã na última sexta, dia 13, citando temores de que o país persa esteja desenvolvendo armas nucleares. A Agência Internacional de Energia Atômica disse na semana passada que Teerã violou a obrigações de não proliferação nuclear pela primeira vez em 20 anos.

O Irã nega que esteja buscando armas nucleares e afirma que seu programa tem fins pacíficos. Os governos da Alemanha, França e Grã-Bretanha planejam negociar com o Irã em Genebra, na Suíça, para pedir que o país volte à mesa de negociações, disse uma fonte diplomática alemã à agência de notícias Reuters.

Israel não nega ter armas nucleares. O país, não signatário do Tratado Internacional de Não Proliferação, é o único do Oriente Médio em que se acredita haver armas nucleares.

Envolvimento de potências mundiais no conflito Israel x Irã. A escalada dos ataques entre as duas potências regionais aumentou os temores de que potências mundiais se envolvam, o que desestabilizaria ainda mais o Oriente Médio.

"Ninguém sabe o que vou fazer", disse Trump. Em declarações à imprensa ontem, o presidente dos EUA, Donald Trump, recusou-se a dizer se havia tomado alguma decisão sobre se juntar à ofensiva aérea de Israel. "Posso fazer isso. Posso não fazer isso", despistou ele, que tem Netanyahu como aliado.

"A nação iraniana não se renderá", discursou o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei. "Qualquer intervenção militar dos EUA será, sem dúvida, acompanhada por danos irreparáveis", disse, em um discurso gravado transmitido pela televisão, na sua primeira aparição desde sexta-feira passada.

Nos últimos meses, governo israelense também lançou ataques contra o Líbano, Síria, Iêmen e a Faixa de Gaza. Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, o governo de Benjamin Netanyahu é alvo de pressão interna e externa pelas guerras, e os ataques recentes ao Irã são vistos como "oportunidade" de melhorar a própria imagem e "tirar o foco de Gaza".

*Com informações de agências internacionais.