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Brasileira escapa após prédio vizinho ser atingido por míssil em Israel

Prédios danificados após um ataque com mísseis iranianos em Ramat Gan, no centro de Israel, perto de Tel Aviv, em 19 de junho de 2025. - GIL COHEN-MAGEN/AFP
Prédios danificados após um ataque com mísseis iranianos em Ramat Gan, no centro de Israel, perto de Tel Aviv, em 19 de junho de 2025. Imagem: GIL COHEN-MAGEN/AFP
do UOL

Do UOL, em São Paulo

19/06/2025 19h12Atualizada em 19/06/2025 19h12

A brasileira Rozita Grinsztejn, 36, acordou na manhã de hoje com uma notificação em seu celular. O texto dizia que a área onde ela vive em Israel seria atacada por mísseis do Irã em alguns minutos. Enquanto as sirenes de alerta soavam, ela e outras quatro brasileiras que estavam no mesmo apartamento correram para um quarto de segurança, conhecido como Mamad ("mamãe", em português) e ficaram trancadas por cerca de 30 minutos.

O que aconteceu

Prédio vizinho foi atingido por míssil e ondas de choque da explosão destruíram parte do apartamento da brasileira. Rozita, que é especialista em pagamentos e mora em Israel desde 2021, e as brasileiras que estavam com ela conseguiram sobreviver sem se machucar. Apesar de estar fisicamente bem, ela contou ao UOL que está emocionalmente exausta desde o início do conflito com o Irã, no dia 13 de junho.

Brasileiras saíram do quarto antibombas quando receberam um novo alerta do governo. "Enquanto a gente estava lá, vimos um clarão e uma explosão ensurdecedora. Sentimos o prédio vibrar e ouvimos sons de metal", lembra Rozita, que mora em Ramat Gan, cidade próxima a Tel Aviv.

Fotografia mostra danos no apartamento onde brasileira mora em Israel - Cedida ao UOL - Cedida ao UOL
Fotografia mostra danos no apartamento onde brasileira mora em Israel
Imagem: Cedida ao UOL

Ela precisou deixar o prédio onde vivia porque a estrutura será periciada. A sala dela estava coberta de vidro e as paredes tinham rachaduras. "Ligamos para polícia e bombeiros e fomos informadas que eles já estavam no local, o míssil caiu no prédio vizinho ao nosso", disse. Ainda em choque, Rozita começou a juntar seus documentos, itens importantes e medicamentos. "Fomos informadas que o prédio seria evacuado e teríamos um tempo para preparar as malas".

Apesar do susto, ela disse que não pensa em deixar Israel e que se sente segura no país. "O governo realmente prepara sistema para a proteção da população. Recebemos notificações com antecedência de 30 ou 15 minutos minutos antes de as sirenes tocarem, informações sobre onde e como se proteger", diz.

Assim que saímos do prédio recebemos todas as orientações de para onde prosseguir, uma escola próxima onde foram coletados nossos dados e recebemos o endereço de onde seríamos realocadas, tudo muito organizado. Havia comida, água, café e suporte para todos. Eram crianças, famílias com recém-nascidos, idosos, jovens e pessoas com animais de estimação. Tem sido dias muito difíceis, mísseis e alertas intensos, noites e dias em claro, estamos esgotadas emocionalmente e fisicamente.
Rozita Grinsztejn

Irã atacou hospital de Israel

Mísseis iranianos também atingiram hoje o principal hospital do sul de Israel e outros locais, incluindo a capital Tel Aviv. Ataque deixou ao menos 47 feridos em todo o país. A ofensiva acontece após o governo de Benjamin Netanyahu anunciar que atingiu instalações nucleares no país persa.

Irã diz ter mirado centro de inteligência israelense "perto de um hospital". "Nessa operação, o centro de comando e inteligência do governo israelense foi o alvo de um ataque preciso perto de um hospital", disse a Guarda Revolucionária iraniana à agência de notícias estatal Irna.

Durante a noite, Israel afirmou que atingiu um reator nuclear no Irã inativo. O país fez ataques mirando instalações nucleares nas cidades de Natanz e Arak. Em comunicado, o exército israelense detalhou que o reator nuclear de Arak era "componente chave na produção de plutônio", que poderia ser usado para construção de armas nucleares. O reator já havia sido modificado para evitar o uso em 2015, quando houve o acordo nuclear com os Estados Unidos.

Irã confirmou o ataque e disse que não há relatos de ameaça de radiação. Segundo o país, os dois projéteis atingiram uma área próxima à instalação nuclear, que já havia sido evacuada.

Entenda o conflito

Israel e Irã estão em conflito desde sexta-feira (13). Israel bombardeou Teerã, capital do Irã, e anunciou ataques a dezenas de instalações de mísseis no oeste do país alegando que queria "prevenir um holocausto nuclear". Israel, porém, é o único país que possui bombas nucleares no Oriente Médio.

Já são 585 mortes de iranianos e 24 israelenses. No Irã, os números incluem os comandantes da Guarda Revolucionária e do Estado-Maior do Exército, além de nove cientistas do programa nuclear. Os dados são da ONG americana Human Rights Activists.

Durante o ataque de ontem, o Irã afirmou ter usado um míssil novo. A informação, segundo a agência de notícias Fars, foi passada por um porta-voz do Ministério da Defesa.

Israel também fez novos ataques ao Irã. Segundo o exército, foram atingidas "dezenas de infraestruturas de armazenamento e lançamento de mísseis terra-terra", assim como lançadores de mísseis terra-ar e depósitos de drones no oeste do Irã.

Estados Unidos mobilizaram caças e porta-aviões para o Oriente Médio. O envio do material bélico aconteceu no dia em que Donald Trump pediu a rendição incondicional de Khamenei e afirmou que sabia o paradeiro dele.