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Putin afirma que acordo Irã-Israel que convenha a ambas as partes é possível

18/06/2025 21h57

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quinta-feira (19, data local) que é possível obter um acordo para encerrar o conflito entre Israel e Irã, e considerou que os bombardeios israelenses consolidam o apoio popular ao poder em Teerã.

Pouco depois que o Exército israelense lançou seu ataque surpresa contra o Irã na sexta-feira, Putin propôs a mediação de seu país e, na quarta, o Kremlin reiterou a oferta para "fazer avançar o diálogo" entre os dois arqui-inimigos.

"É uma questão delicada e, obviamente, devemos ser muito prudentes neste ponto, mas, na minha opinião, é possível encontrar uma solução", disse Putin em entrevista coletiva com jornalistas estrangeiros em São Petersburgo.

Ao ser consultado sobre a reação da Rússia diante de um possível assassinato do líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, pelas mãos de Israel, o dirigente não quis responder.

"Se me permite, espero que seja a resposta mais apropriada para sua pergunta: nem sequer quero falar de tal possibilidade. Não quero", frisou.

Contudo, também indicou que os bombardeios israelenses estão reforçando o poder em Teerã. "Vemos que hoje no Irã [...] há uma consolidação da sociedade em relação aos dirigentes políticos do país", declarou.

Historicamente, a Rússia mantém boas relações com Israel, onde vive uma importante comunidade de origem russa.

Mas esses laços se fragilizaram desde a ofensiva russa na Ucrânia em 2022 e a guerra de Israel em Gaza, que Putin tem criticado.

Em contrapartida, nos últimos anos, a Rússia se aproximou do Irã que, segundo a Ucrânia e seus aliados ocidentais, fornece drones e mísseis de curto alcance para o Kremlin.

Putin detalhou que cerca de 200 russos trabalham na usina nuclear de Bushehr, no sul do Irã e construída pela russa Rosatom. "Acordamos com os líderes de Israel que será garantida a sua segurança", afirmou.

Além disso, o líder russo estimou que seu país poderia "continuar" trabalhando com o Irã em seu programa nuclear civil e "garantir seus interesses nesse âmbito".

Ao ser questionado por um jornalista da AFP se o Irã pediu apoio militar russo contra Israel, Putin se limitou a responder: "Nossos amigos iranianos não nos pediram isso."

A proposta sobre uma mediação de Moscou foi rejeitada pela União Europeia e pelos Estados Unidos.

A Rússia não poderia "ser um mediador objetivo", estimou Bruxelas. O presidente americano Donald Trump também descartou essa possibilidade e recomendou a Putin mediar "primeiro" no conflito entre Moscou e Kiev.

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© Agence France-Presse