Professor: 'Em Israel, ninguém ousa criticar ataques contra Irã'
O professor brasileiro João Miragaya, que mora atualmente em Tel Aviv, disse hoje que há "apoio consensual" dos israelenses em relação aos ataques feitos pelo país contra o Irã. Segundo ele, caso os objetivos de Israel sejam concluídos com sucesso, a guerra poderá melhorar ainda a popularidade do governo de Benjamin Netanyahu. As declarações foram feitas ao UOL News, do Canal UOL.
[Em Israel,] há um apoio popular muito grande ao ataque ao Irã. É um apoio consensual. Ainda não há pesquisas, mas a gente pode julgar pelo comportamento das pessoas nas redes sociais ou pelo apoio das lideranças de partidos, inclusive os de oposição. Ninguém ousa criticar o ataque ao Irã.
As pessoas deram um tempo ao Netanyahu. Esse apoio vai se manter e, talvez, se transforme também em um apoio ao governo (que, hoje em dia, é muito impopular), caso os objetivos de Israel —a eliminação do programa nuclear iraniano— sejam concretizados. João Miragaya, mestre em história na Universidade de Tel Aviv
Israel iniciou uma série de ataques contra o Teerã, capital do Irã, na última sexta-feira (13). A ação foi classificada por autoridades israelenses como "ataque preventivo" em uma "ameaça iminente". O bombardeio atingiu usinas nucleares e instalações de mísseis e matou dois líderes militares do Irã. O país respondeu com o envio de mais de cem drones.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou em um vídeo publicado nas redes sociais que o objetivo dos recentes ataques ao Irã é "frustrar a ameaça nuclear e de mísseis balísticos do regime islâmico contra nós". Ele frisou ainda que a luta de Israel não é contra o povo iraniano, mas contra o regime do país.
Os ataques israelenses já mataram pelo menos 224 pessoas e feriram mais de 1.200 no Irã, segundo o Ministério da Saúde iraniano no domingo. Em Israel foram 14 mortes, conforme autoridades locais. Ainda não há uma nova atualização.
Ao Canal UOL, o professor explicou que o Irã foi classificado por autoridades de Israel como "a cabeça da serpente" durante muito tempo.
Durante décadas, o Irã foi tido aqui em Israel como o principal inimigo. Ele era tido como 'a cabeça da serpente'. Não é segredo para ninguém que ele arma e treina o Hamas e outros grupos que atacam o Israel. João Miragaya, mestre em história na Universidade de Tel Aviv
Os dois países vêm travando uma guerra velada há anos por meio de aliados e operações secretas, com Israel combatendo grupos apoiados pelo Irã, como o Hamas, desde outubro de 2023.
A rotina das pessoas [aqui em Israel] foi totalmente modificada após o início do conflito. Somente trabalhadores essenciais estão podendo se deslocar de suas casas. E a tensão também impera. Todas as noites sabemos que as sirenes vão tocar e os bombardeios vão acontecer, embora a quantidade de mísseis disparados pelo Irã tenha diminuído. A última noite foram cerca de onze, muito menos do que os 60 da primeira leva, da primeira noite. João Miragaya, mestre em história na Universidade de Tel Aviv
Na segunda, Teerã pediu a Catar, Arábia Saudita e Omã que pressionem o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a usar sua influência sobre Israel para concordar com um cessar-fogo imediato com o Irã em troca da flexibilidade de Teerã nas negociações nucleares, disseram duas fontes iranianas e três fontes regionais à agência de notícias Reuters. Até o momento, não há informações se esse canal de diálogo foi aberto.
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