Irã volta a atacar Israel: 'Morte lenta em bunkers ou fuga', diz exército
O Irã disse que voltou a atacar Israel com mísseis hoje em mais um dia de conflito entre os países. A Guarda Revolucionária iraniana ainda deu "opções" para a população israelense escolher: a morte lenta em bunkers subterrâneos ou fuga do território. A informação é da agência de notícias iraniana Irna.
O que aconteceu
Irã afirmou que esta é a 12ª onda de ataques contra Israel. A ação, segundo o Irã, inclui o uso de artefatos de longo alcance, mísseis balísticos superpesados e o míssil Sejjil —que tem dois estágios de disparos.
O país diz que destruiu o sistema de defesa do exército de Israel em operações anteriores, mas a informação não é confirmada pelos israelenses. O Irã ainda declarou que o céu do território israelense está "aberto" aos mísseis e drones iranianos.
"Os ataques com mísseis serão contínuos e orientados ao impacto, como foi o caso ontem", divulgou o Irã. Eles alegaram ter atacado as sedes israelenses do Mossad (inteligência) e do Aman (inteligência militar) e as bases de caças do exército israelense.
Irã também reforçou a fala do comandante da Guarda Revolucionária de que os portões do inferno se abririam sobre os israelenses. "Os mísseis estrondosos da Guarda Revolucionária não permitirão que passem um momento sequer fora de seus abrigos subterrâneos", escreveu.
Tenham certeza de que as sirenes vermelhas não vão parar por um instante. Vocês devem escolher a 'morte lenta' na vida infernal nos abrigos ou salvar sua vida do bombardeio de mísseis 24 horas por dia e fugir o mais rápido possível das terras usurpadas por seus ancestrais, para poder sobreviver.
Guarda Revolucionária iraniana
Às 18h11 (horário de Brasília), o exército israelense disse que sirenes disparavam em todo o país em razão do ataque de mísseis iranianos. Por volta das 20h13 (no Brasil; madrugada em Israel), as FDI (Forças de Defesa de Israel) disseram que aeronaves hostis se infiltraram no norte do país. Em menos de 40 minutos, o exército israelense declarou que a força aérea interceptou dois alvos aéreos suspeitos lançados do Irã.
Israel faz onda de ataques contra o Irã
Exército israelense disse por volta das 22h (no Brasil; madrugada de quinta-feira no horário local) que iniciou uma onda de ataques em Teerã e outras áreas do Irã. Detalhes das ações, conduzidas pela força aérea israelense, não foram divulgadas inicialmente.
Após o anúncio israelense, explosões estão sendo relatadas em Teerã e nos arredores, informou a Al Jazeera, baseada na mídia local. As FDI mandaram moradores evacuarem as cidades iranianas de Arak e Khondab: "O exército israelense está operando nestas áreas, como tem feito em todo o Irã nos últimos dias para atacar a infraestrutura militar do regime iraniano".
Nesta tarde (horário de Brasília), Israel disse ter feito uma série de ataques na região de Teerã. Entre os mais de 20 alvos estão locais de desenvolvimento de armas nucleares e de produção de mísseis que pertenceriam ao regime iraniano. Foram usados mais de 60 caças da força aérea israelense nas ações, informou as FDI (Forças de Defesa de Israel).
Centros de produção de centrífugas de urânio foram bombardeados. Israel afirma que esses locais eram usados pelo regime iraniano para expandir a escala e o ritmo do enriquecimento de urânio visando o desenvolvimento de armas nucleares. "O regime iraniano enriquece urânio muito mais do que a quantidade necessária para uso civil, com ênfase no enriquecimento em níveis elevados", escreveu Israel.
Dois drones foram derrubados pelo exército israelense nas primeiras horas de hoje (horário local), na região do Mar Morto. Um míssil terra-ar iraniano derrubou um drone de Israel que estava operando no Irã.
A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) confirmou o ataque e informou que dois edifícios foram destruídos. Os ataques também atingiram um edifício do Centro de Pesquisa de Teerã, onde "rotores para centrífugas avançadas eram fabricados e testados", informou a AIEA no X.
Khamenei x Trump
Hoje, o aiatolá Ali Khamenei respondeu o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmando que qualquer intervenção norte-americana "terá consequências séries e irreparáveis". Durante um pronunciamento à nação, o líder supremo do Irã disse que "iranianos não respondem bem à linguagem da ameaça" e afirmou que Israel será "punido pelos seus erros".
Na tarde de ontem, o presidente dos EUA, Donald Trump, havia ameaçado Khamenei. "Sabemos exatamente onde se esconde o chamado 'Líder Supremo'. É um alvo fácil, mas está seguro lá. Não vamos tirá-lo (matá-lo!), pelo menos por enquanto", escreveu Trump em sua rede Truth Social, pouco tempo depois de pedir a "rendição incondicional" do Irã.
No final da manhã de hoje, Trump se recusou a dizer se os EUA vão atacar o Irã. "Há uma grande diferença entre agora e uma semana atrás", disse Trump aos repórteres do lado de fora da Casa Branca. "Posso fazer isso, posso não fazer isso. Quer dizer, ninguém sabe o que eu vou fazer."
O presidente dos EUA afirmou, sem entrar em detalhes, que o Irã havia proposto ir à Casa Branca conversar. Ele descreveu o Irã como totalmente indefeso e sem qualquer tipo de defesa aérea.
Após dizer ontem que sua paciência estava se esgotando, Trump declarou hoje que ela "já se esgotou". Depois, quando questionado se era tarde demais para negociar, o presidente norte-americano afirmou que "nada é tarde demais".
EUA evacuam diplomatas e familiares da embaixada em Israel. Duas fontes afirmaram à agência de notícias Associated Press hoje que um avião do governo norte-americano levou os diplomatas após os pedidos deles. Não há informações de quantos deixaram o país.
Entenda o conflito
Israel e Irã estão em conflito bélico desde sexta-feira (13). Israel bombardeou Teerã, capital do Irã, e anunciou ataques a dezenas de instalações de mísseis no oeste do país alegando que queria "prevenir um holocausto nuclear". Israel, porém, é o único país que possui bombas nucleares no Oriente Médio.
Desde sexta-feira, ao menos 639 mortes e 1.320 feridos foram registradas no lado iraniano e 24 óbitos no lado israelense. No Irã, que não divulga regularmente os números de mortes, os óbitos incluem os comandantes da Guarda Revolucionária e do Estado-Maior do Exército, além de nove cientistas do programa nuclear. Os dados são da ONG americana Human Rights Activists.
Durante o ataque de ontem, o Irã afirmou ter usado um míssil inédito. Um porta-voz do Ministério da Defesa afirmou que o país utilizou um míssil totalmente novo, segundo informações da agência de notícias Fars.
Israel também fez novos ataques ao Irã. Segundo o exército, foram atingidas "dezenas de infraestruturas de armazenamento e lançamento de mísseis terra-terra", assim como lançadores de mísseis terra-ar e depósitos de drones no oeste do Irã.
Estados Unidos mobilizaram caças e porta-aviões para o Oriente Médio. O envio do material bélico aconteceu no dia em que Donald Trump pediu a rendição incondicional de Khamenei e afirmou que sabia o paradeiro dele.
(Com AFP e Reuters)