Erika Hilton sobre escala 6x1: 'Quando começou, fui tratada como louca'
A deputada federal Erika Hilton, que lidera os debates pelo fim da escala 6x1 no Congresso, disse ter sido "tratada como louca" ao propor a redução da jornada de trabalho no país. Ao Alt Tabet, do Canal UOL, a parlamentar destacou que após o movimento ganhar popularidade nas redes, o tema avançou e foi criada uma subcomissão, a qual ela preside, para debater o tema com os diferentes setores da sociedade.
Hilton diz que acredita que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) tem perspectiva de aprovação na Câmara e no Senado, apesar do tema difícil. "Há, sim, um clima possível de ser aprovado. Quando essa pauta começou, eu fui tratada como louca por todos. Falaram: 'lá vem mais uma invenção de Erika Hilton'. As pessoas não davam muita credibilidade, mas eu tenho uma boa comunicação nas redes sociais e, de repente, aquilo que era tratado como loucura de uma deputada de esquerda, o jogo virou. Eu fui ao Palácio do Planalto, falei com ministros, com o próprio presidente Lula, e depois disso entenderam a importância dessa movimentação e o governo aderiu ao movimento".
Deputada explicou como a proposta surgiu. "Eu fui procurada por um movimento consolidado, que é o Vida Além do Trabalho, me trouxeram essa ideia, eu organizei a minha equipe para entendermos o melhor caminho, e decidimos que é uma PEC, porque precisamos mexer na Constituição e, automaticamente, na CLT. Tudo é fruto de articulação política, foi preciso muita conversa, bater na porta, insistir, falar com ministros... Eu não parei e não vou parar enquanto o Brasil não aprovar uma redução da jornada de trabalho, essa é uma pauta do Brasil".
Erika também refutou que a redução da jornada será prejudicial para a economia. "Os mesmos argumentos usados agora, argumentos falaciosos e aterrorizantes, foram usados igualmente para combater abolição da escravatura, [na criação] da licença-maternidade, quando se tratou de férias remuneradas, décimo terceiro. Todas as vezes em que se olhou para a classe trabalhadora e que se discutiu políticas de emancipação e dignidade a esses grupos, o discurso daqueles que sempre mandaram, é o mesmo de que vai destruir o país e a economia".
Hilton sobre fama de barraqueira: 'Tem que descer no nível deles'
Parlamentar destacou que não é uma "deputada raivosa o tempo todo". "Em alguns momentos eu tenho brigas mais enérgicas porque a temperatura subiu. Na maioria das vezes só respondo, devolvo as violências praticadas contra mim, contra meu povo, contra os grupos que eu defendo. Eu não começo um discurso brigando. Eu sou diplomata, republicana, acredito no diálogo, na importância de visões de mundos diferentes e que elas possam conversar para encontrar um denominador comum".
Barraqueira é um estereótipo que esperam de mim, mas eu já quebrei esse estereótipo, já mostrei que eu gosto de diálogo, que sei me comportar e respeitar o cargo que ocupo, mas que também sei me comportar como uma selvagem quando eles se comportam como selvagens. Eu sou uma camaleoa.
-- Erika Hilton
Erika: 'Pessoas trans são o bode expiatório da extrema-direita'
Deputada afirma que os grupos que atentam contra os direitos das pessoas trans querem "promover precariedade humana na vida dessa comunidade". "Nós, pessoas trans, viramos o bode expiatório da direita no mundo, não só no Brasil. Somos [taxadas] como o terror social, familiar, moral. Um pânico construído pela boca dessa gente para amedrontar a sociedade, para nos combater, porque estão preocupados com os movimentos que somos capazes de fazer mesmo diante de tanta desigualdade, precariedade".
Alt Tabet
Toda quarta, Antonio Tabet conversa com personagens importantes da política, esporte e entretenimento. Os episódios completos ficam disponíveis no Canal UOL e no Youtube do UOL. Assista à entrevista completa com Erika Hilton:
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