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Presa por insultos no Iguatemi faz novos ataques homofóbicos após ser solta

do UOL

Tiago Minervino

Do UOL, em São Paulo

17/06/2025 07h48

A jornalista Adriana Catarina Ramos de Oliveira, 61, presa no sábado após insultar um homem gay no shopping Iguatemi, em São Paulo, voltou a proferir ataques homofóbicos contra três jovens, também homossexuais, na tarde de ontem. As vítimas são vizinhos dela em um prédio de Higienópolis, bairro de alta renda na capital paulista.

O que aconteceu

Adriana foi filmada gritando insultos homofóbicos. Na gravação feita pelas vítimas e divulgada nas redes sociais, a jornalista se refere aos homens como "boiolas depilados", "viados que dão o c*" e, entre outros, diz que os amigos formam uma "gaiola das loucas".

Vítimas acionaram a Polícia Militar e Adriana foi levada à delegacia. Os três amigos foram prestar depoimento. Ao final, a jornalista foi liberada, apesar de ter sido presa por homofobia dois dias antes.

Ataques homofóbicos são comuns por parte de Adriana, mas ontem a situação "passou dos limites", afirma Gustavo Leão, uma das vítimas. Ao UOL, ele explicou que divide apartamento com os dois amigos, identificados como Matteus e Danilo, e moram ao lado da jornalista, que se mudou para o condomínio há pouco mais de um mês.

Por volta das 16h, ela teria começado a gritar palavrões de que no prédio "só mora viado". Um dos amigos de Gustavo, que trabalha em casa, se incomodou com os gritos de baixo calão e pediu à Adriana que parasse.

Filhas de Adriana, que preferiram não se identificar, pediram desculpas pela atitude homofóbica da mãe. "Como filhas, gostaríamos de expressar, com profunda tristeza e sinceridade, o quanto estamos abaladas com os acontecimentos recentes. Pedimos desculpas, do fundo do coração, às pessoas que foram atingidas e afetadas pelas ofensas proferidas", disseram em nota enviada ao UOL.

Elas afirmam não compactuar "com qualquer ato de agressão ou preconceito" e ressaltam que Adriana trata há 20 anos "um quadro severo de esquizofrenia e transtorno bipolar". De acordo com as filhas, as doenças mentais "por vezes se manifestam de forma imprevisível e descontrolada", a exemplo dos episódios recente de homofobia.

Adriana não está mais no condomínio em que ofendeu moradores por ser gay. Em nota, a administração do condomínio lamentou o ocorrido e disse "repudiar qualquer forma de preconceito ou discriminação", além de "reafirmar seu compromisso com o respeito à diversidade, em todas as suas formas".

Presa por homofobia Iguatemi

Adriana Catarina foi presa no sábado (14) após chamar um homem, identificado como Gabriel Galluzzi Saraiva, de "pobre e bicha nojenta". Na ocasião, a SSP-SP informou que a jornalista foi detida sob a acusação de injúria, após proferir "ofensivas homofóbicas contra um homem de 39 anos".

Confusão teve início após Gabriel defender a atendente de uma cafeteria, que teria sido ofendida pela jornalista. Uma mulher que presenciou a confusão confirmou a versão apresentada por Gabriel. Já Adriana alegou que teria reagido após ter sido "agredida" verbalmente.

Adriana admitiu ter feito ofensas homofóbicas contra Gabriel Galluzzi, mas alega que se arrependeu. "Houve aquela confusão na hora, eu chamei ele de 'boiola'. Xinguei mesmo. Ele já tinha me xingado de 'velha'. (...) Sim, me arrependo", declarou em entrevista à TV Globo.

Jornalista passou por audiência de custódia e foi solta ontem. Ela está em liberdade provisório e subordinada a uma série de medidas cautelares, como proibida de ir ao shopping Iguatemi, sair de São Paulo sem autorização, sob pena de voltar à cadeia em caso de descumprimento das restrições.