Após reportagem do UOL, Justiça manda plataforma apagar vídeos com Drauzio
A Justiça de São Paulo determinou a remoção de vídeos com o médico Drauzio Varella usados em um curso que ensina a manipular conteúdo com inteligência artificial para criar anúncios fraudulentos. A decisão ocorreu dias após reportagem do UOL Confere mostrar como as adulterações são feitas.
O que aconteceu
Aulas devem ser removidas de plataforma. O juiz Gustavo Henrique Bretas Marzagão, do Tribunal de Justiça de São Paulo, determinou que a plataforma BritesFlix, que pertence a Daniel de Brites, responsável pelo curso, remova os vídeos em que ele, Brites, ou convidados ensinam a manipular a voz e a imagem de Drauzio para vender produtos online. O descumprimento da decisão prevê multa diária de R$ 50 mil.
Sem conteúdos sobre o médico em perfis de alunos. Na decisão, o magistrado solicitou ainda que os responsáveis se abstenham de divulgar, republicar, reencaminhar ou veicular por qualquer meio, especialmente em cursos, inclusive por perfis de pessoas sob sua orientação, conteúdos com elementos em referência a Drauzio.
Proibição de indicar o uso de imagem e montagens. Segundo Marzagão, os responsáveis pela plataforma do curso devem ser abster também de indicar ou sugerir que alunos usem o nome, a imagem ou a voz do médico em montagens.
Curso ensina a manipular imagem com IA para vender produto irregular. Reportagem do UOL Confere mostrou que um curso vendido como mentoria para aprender a lucrar com vendas na internet ensina a manipular anúncios falsos com imagens de famosos ou anônimos para vender um suplemento alimentar que promete emagrecimento chamado "Detox Oriental", o que é contra as regras da Anvisa.
Alunos se passam por médicos. No curso, os alunos são ensinados a criar perfis falsos para veicular os anúncios pagos nas redes da Meta (Facebook e Instagram). As publicações direcionam para um link de WhatsApp, onde as vendas são feitas. A orientação é de que os vendedores devem adotar uma abordagem agressiva para garantir as vendas, inclusive com informações falsas sobre os efeitos do produto e chantagem emocional. Muitos se passam por médicos usando "doutor" nos nomes de perfis ou se apresentando como especialistas em emagrecimento, levando clientes a acreditarem que estão conversando com um profissional de saúde.
Situação grave e comum. Para os advogados do médico, Igor Tamasauskas e Otávio Mazieiro, o uso de IA para manipular a imagem do profissional tem sido uma situação grave e comum, com impactos à saúde pública.
O Poder Judiciário agiu com firmeza para coibir o uso indevido da inteligência artificial na manipulação da imagem do Dr. Drauzio Varella. Trata-se de uma situação grave e, infelizmente, comum, com impactos à saúde pública. Os responsáveis deverão responder pelos danos causados. Igor Tamasauskas e Otávio Mazieiro
Defesa nega irregularidades. O UOL Confere ainda não conseguiu contato com a defesa de Brites para comentar a decisão. Em outra ocasião, seu advogado negou que haja manipulação de imagens de famosos para promover produtos, apesar de a reportagem ter presenciado os fatos. O defensor alegou também que o uso de inteligência artificial nas aulas tem como objetivo o desenvolvimento de técnicas lícitas de marketing digital como a criação de personagens, conhecida como "seller personas".