Ibovespa hesita com aversão a risco no exterior e cautela antes de decisões de juros
Por Patricia Vilas Boas
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa tinha oscilação modesta nesta terça-feira, em meio à maior aversão a risco nos mercados globais diante de temores de escalada na guerra entre Israel e Irã, e antes de decisões de política monetária nos Estados Unidos e Brasil na quarta-feira.
Às 11h22, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, tinha variação negativa de 0,21%, a 138.966,45 pontos, com as ações da Petrobras oferecendo o maior suporte e evitando uma queda mais acentuada do indicador. O volume financeiro somava R$4,6 bilhões.
Em Wall Street, os principais índices acionários operavam em queda, com as tensões geopolíticas no Oriente Médio prejudicando a confiança dos investidores - que também digeriam uma nova bateria de dados econômicos norte-americanos antes da decisão de juros do Federal Reserve nesta semana.
"O mercado como um todo aguarda ansiosamente pela Super Quarta", disse o analista João Daronco, da Suno Research.
No Brasil, membros do Comitê de Política Monetária (Copom) se reúnem nesta terça e quarta-feiras para a próxima decisão de juro. Analistas consultados pelo Banco Central mantiveram a projeção de que a taxa Selic permanecerá no patamar atual de 14,75% até o fim deste ano, conforme pesquisa Focus da véspera.
Ainda no cenário local, o noticiário político também segue no radar, após a Câmara dos Deputados aprovar na noite da véspera requerimento de urgência para votação de projeto que pode derrubar novo decreto do governo sobre o IOF.
Apesar da maior cautela e aversão a risco no exterior, ainda há uma "resiliência importante" nos ativos domésticos, segundo a analista de renda variável Bruna Sene, da Rico. "Ontem nós tivemos uma alta forte, quase que generalizada, entre os papéis do Ibovespa, que voltou a se aproximar do topo histórico."
Analistas do Itaú BBA também notaram a retomada do movimento de alta observada na segunda-feira. "Por enquanto, o cenário é favorável à busca de oportunidades para aumentar a alocação, respeitando o gerenciamento de risco e aproveitando a tendência de alta", afirmaram, no relatório Diário do Grafista.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN subia 1,89% e PETROBRAS ON avançava 2,46%, em meio ao avanço dos preços do petróleo no exterior, com o barril do Brent, referência para a estatal, subindo 2,47%, a US$75,04. A empresa informou na véspera que assinou com a Consag os primeiros três contratos para conclusão da construção da segunda unidade de refino da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), localizada em Ipojuca (PE), no valor de R$4,9 bilhões. No setor, PRIO ON subia 0,63%, BRAVA ON avançava 0,39% e PETRORECONCAVO ON tinha alta de 1,48%.
- USIMINAS PNA caía 6,09%, após analistas do Itaú BBA rebaixarem a ação para "market perform" e reduzirem o preço-alvo para R$5,9, de R$8,5, citando uma deterioração mais rápida do que o esperado nos preços de aços planos no Brasil. "Continuamos a enxergar um cenário desafiador para os produtores de aços planos no Brasil, com forte concorrência de produtos importados, intensificada pela recente valorização do real, tendo potencialmente um impacto negativo sobre demanda e preços domésticos no segundo semestre de 2025", afirmaram.
- VALE ON recuava 1,88%, em dia de pouca variação de preços para o minério de ferro na China, com o contrato mais negociado para setembro na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE), encerrando o pregão diurno a 699 iuans por tonelada.
- ITAÚ UNIBANCO PN tinha variação positiva de 0,03%, enquanto BANCO DO BRASIL ON caía 0,77%, BRADESCO PN ganhava 0,42e SANTANDER BRASIL UNIT perdia 0,56%.
- BRF ON operava em baixa de 2,54%, após a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) adiar uma assembleia geral extraordinária prevista para quarta-feira que deveria deliberar sobre a fusão com a Marfrig. As companhias afirmaram nesta terça-feira em fato relevante que estão avaliando, em conjunto com seus assessores, o teor da referida decisão da CVM, "bem como as eventuais medidas cabíveis, incluindo eventual pedido de reconsideração". MARFRIG ON caía 3,48%.
- MULTIPLAN ON subia 0,42% em dia de reunião da companhia com investidores e analistas.
- DIRECIONAL ON subia 1,9%, na esteira de aprovação pelo conselho de administração do pagamento de quase R$347 milhões em dividendos intermediários, além do desdobramento de ações ordinárias na proporção de três ações para cada ação detida, sem modificação do valor do capital social. O índice do setor imobiliário avançava 0,55%. - TOTVS ON tinha alta de 1,3%, tendo como pano de fundo o anúncio pela empresa de software de sua estratégia para o desenvolvimento de produtos com recursos de inteligência artificial, com foco em pequenas e médias empresas, onde vê uma receita potencial anual de até R$2 bilhões.