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É possível evacuar 10 milhões de habitantes de Teerã? Pedido revela perigo

Veículos congestionam uma rodovia enquanto um incêndio se alastra nas proximidades dos depósitos de petróleo de Shahran, a noroeste de Teerã - ATTA KENARE / AFP
Veículos congestionam uma rodovia enquanto um incêndio se alastra nas proximidades dos depósitos de petróleo de Shahran, a noroeste de Teerã Imagem: ATTA KENARE / AFP
do UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/06/2025 17h30

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recomendou aos moradores de Teerã que "evacuem imediatamente" a cidade em meio à escalada do conflito entre o Irã e Israel, que já deixou ao menos 220 iranianos mortos. Mas há muitos dificuldades que podem colocar civis em risco.

O que aconteceu

Trump afirmou que Irã não pode ter armas nucleares e a população deve evacuar para evitar "desperdício de vidas humanas". Entretanto, apesar da advertência do republicano, a prática não é tão simples, afinal, Teerã tem aproximadamente 10 milhões de habitantes, sem levar em consideração a região metropolitana.

Número de habitantes aumenta consideravelmente se incluir os moradores da área metropolitana de Teerã. Ao expandir a recomendação de evacuação por questões de segurança para o subúrbio e as cidades ao redor da capital iraniana, a população salta para aproximadamente 15 milhões de pessoas, segundo informações da Al Jazeera.

Desde o início do conflito, milhares de iranianos têm deixado a cidade e provocado filas quilométricas de congestionamento. No começo desta semana, a principal rodovia com destino ao norte do país, em tese uma área mais segura, registrou uma fila imensa de veículos no sentido que liga Teerã a Chalus, no Mar Cáspio.

irã - Reprodução - Reprodução
Moradores de Teerã tentam deixar a capital em meio ao conflito com Israel e geram grandes engarrafamentos
Imagem: Reprodução

A geografia de Teerã, cidade cercada por terrenos montanhosos, dificulta muito a saída imediata dos moradores. Com tráfego intenso, uma viagem para outra cidade que normalmente leva de sete a oito horas agora pode demorar de 18 a 24 horas, conforme a Al Jazeera.

Espaço aéreo do Irã está fechado devido ao conflito com Israel. Dessa forma, o transporte terrestre é a única alternativa para deixar Teerã.

O porta-voz israelense Avichay Adraee disse que civis iranianos devem ir para o Distrito 3, no norte, onde estão muitas embaixadas estrangeiras. Mesmo assim, nem mesmo a região, que abriga cerca de 330 mil pessoas, é considerada segura. É lá que fica localizada a sede da Irib, mídia estatal do país, que foi bombardeada pelas forças israelenses.

As áreas menos visadas por Israel ficam na região norte. A maior parte dos civis que conseguem deixar Teerã tem ido para cidades como Rasht, Nur, Chalus, Bandar Anzali e Mahmudabad, todas na região.

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17.jun.2025 - Equipes de resgate vasculham destroços dentro de um prédio em Teerã, alvo de ataques israelenses. Israel e Irã trocaram disparos de mísseis pelo quinto dia consecutivo em 17 de junho
Imagem: Iranian Red Crescent/AFP


Evacuação de Tel Aviv

Irã também tem emitido sucessivos avisos para que os moradores de Tel Aviv deixem suas casas e busquem abrigo em outros lugares. A capital israelense tem sido o principal alvo da República Islâmica desde a deflagração do conflito — até o momento, Israel reportou que o número de mortos no país passa de 20.

Ao contrário da capital iraniana, Tel Aviv tem um número bem menor de habitantes. Segunda cidade mais populosa de Israel, Tel Aviv abriga menos de 500 mil pessoas, mas esse número salta para mais de quatro milhões se levar em consideração a área metropolitana.

Cidades israelenses possuem abrigos anti-bombas. O governo israelense ainda não recomendou a evacuação de Tel Aviv, mas emite sinais de alerta para que os moradores busquem abrigos para que se protejam dos mísseis iranianos — Teerã não possui abrigo anti-bomba.

Embora a população ainda não tenha deixado Tel Aviv, o clima de tensão é sentido no aeroporto da cidade. As maiores companhias aéreas de Israel, El Al e Arkia, chegaram a retirar seus aviões da região e o aeroporto Bem Gurion chegou a ficar praticamente vazio.