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Diáspora iraniana, entre a angústia e a esperança de mudança do regime

15.jun.2025 - Muito fogo e fumaça após ataque israelense atingir usina de combustível iraniana em Teerã - Majid Asgaripour/via Reuters
15.jun.2025 - Muito fogo e fumaça após ataque israelense atingir usina de combustível iraniana em Teerã Imagem: Majid Asgaripour/via Reuters

17/06/2025 09h10

Os iranianos da diáspora na Europa sentem-se divididos entre a esperança de uma mudança de governo em Teerã e a violência da guerra com Israel, que ameaça seus parentes no país, segundo diversos depoimentos coletados pela AFP. 

Em Frankfurt, Berlim, Londres e Paris, todos estão preocupados com o futuro do Irã e do Oriente Médio, após a escalada militar que causou inúmeras vítimas. 

"Os iranianos precisam decidir por si mesmos como se livrar dos mulás, sem interferência estrangeira", observa um gerente de restaurante em Frankfurt, "furioso" com a ofensiva israelense. 

A diáspora iraniana está "dividida", reconhece Hamidreza Javdan, ator que mora perto de Paris. "Alguns dizem 'ninguém tem o direito de atacar nosso país', outros acham que isso é aceitável e alguns apoiam Trump...". 

Este homem de 71 anos, natural de Teerã, acredita que "a história avança" e mantém "a esperança" em uma transição política.

- "Fugir de Teerã" -

Desde 13 de junho, Israel, uma potência atômica não oficial, realiza uma ofensiva sem precedentes contra o Irã, com o objetivo declarado de impedir Teerã de produzir a bomba atômica. 

Em sua campanha militar, Israel atacou instalações nucleares, militares e energéticas, e matou comandantes de alto escalão do Exército e da Guarda Revolucionária. 

Em resposta, o Irã atacou Israel com inúmeras salvas de mísseis. 

"Pessoas inocentes estão morrendo, mas parece que a guerra é a única solução para que as coisas realmente mudem. Quantas manifestações já houve? E nada aconteceu", explica Paria, de 32 anos, gerente de um restaurante iraniano em Londres. 

Paria diz isso referindo-se à revolta popular de 2022, motivada pela indignação com o código de vestimenta imposto às mulheres e reprimido pelas autoridades. 

E embora ela torça por uma mudança de regime, "estamos preocupados com o que pode acontecer", diz sua mãe, Mona, de 65 anos, que mora em Londres há três décadas. 

Ao medo do desconhecido se soma a angústia dos parentes e amigos que permanecem no Irã.

Uma professora iraniana contactada em Frankfurt está preocupada porque não consegue falar com uma amiga que mora no norte de Teerã desde sexta-feira. 

"Ainda temos familiares e amigos no Irã, em Teerã. Eles estão fugindo para o norte. Estamos muito preocupados com eles", confidencia Paria, em Londres. 

O ator Hamidreza Javdan recebeu um telefonema do irmão na segunda-feira e está angustiado com as ordens de evacuação. 

"Meu irmão tem mobilidade limitada; ele não pode simplesmente sair de Teerã. Além disso, Teerã tem 10 milhões de habitantes ? para onde eles vão?", pergunta. 

Ali, que mora em Londres, também está muito preocupado com a família. 

"Estou realmente chocado... Tenho familiares no Irã, em Kermanshah", no oeste do país, "que foram bombardeados". 

"Nunca apoiei o regime iraniano; não gosto dele", diz o homem de 49 anos. "Mas quem vai sofrer? O povo". 

Um tradutor iraniano de Berlim, que prefere permanecer anônimo, tem uma esperança: "Que esta guerra acabe com o regime dos mulás. Espero que sim de todo o coração. E então, todas essas mortes não terão sido em vão."

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© Agence France-Presse